Filho de Deus



O Filho, que é o Verbo do Pai, gerado da eternidade do Pai, verdadeiro e sempiterno Deus, e consubstancial com o Pai, tomou a natureza humana no ventre da bendita virgem e da Sua substância; de sorte que as duas inteiras e perfeitas Naturezas, isto é, Divina e Humana, se uniram em uma Pessoa, para nunca mais se separarem, das quais resultou Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem; que verdadeiramente padeceu foi crucificado, morto e sepultado, para reconciliar Seu Pai conosco, e ser vítima, não só pela culpa original, mas também pelos atuais pecados dos homens. - Artigo 1 — Do Filho de Deus, que se fez verdadeiro homem, Os 39 Artigos da Igreja da Inglaterra.


Cristianismo é unicamente diferente de qualquer outra fé, não somente nos seus ensinos sobre a Trindade apresentado no Artigo 1, mas particularmente na compreensão da pessoa e obra de Jesus Cristo, que é o tema do Artigo 2.

Historicamente, este artigo substancialmente reproduz o terceiro artigo da Confissão de Augsburg de 1530. Este foi pensando para resumir o ensino sobre Jesus dos credos Niceno e Atanásio, com a frase sobre eterna geração e consubstancialidade adicionada em 1563 dos Artigos de Wurtemberg (quando os originais 42 Artigos de Cranmer foram sintetizados nos 39 Artigos). Somente na sua última frase, referindo-se à expiação, trata uma área de controvérsia com respeito ao catolicismo romano. No seu contexto histórico, estava mais preocupado para articular as verdades credal acordadas universalmente sobre Jesus sobre e contra algumas revisões anabatistas das heresias antigas.

O que é essencial para nós conhecer sobre Jesus Cristo, de acordo ao Artigo? Três coisas: como Ele é verdadeiramente Deus, como Ele é também verdadeiramente humano, e como Ele é nosso Salvador.

Jesus é verdadeiramente Deus, porque sua essência ou substancia é divina, Ele tem uma completa e perfeita natureza divina. Ainda assim, sendo completo na sua Divindade, Ele tem uma relação eterna e perfeita com o Pai. Ele é gerado da eternidade; isto é sua “eterna geração”, que significa que ele é totalmente Deus e ainda assim distinto em relação ao Pai, como um Filho.

Ser Filho (Filiação) aqui enfatiza, não que ele era “nascido” em tempo pelo Pai, que é a antiga heresia de Ario contra a qual o Credo Niceno foi escrito em 325 d.C.. Mas sim que Ele é Deus da mesma forma que o Pai é Deus. Nem faz a filiação de Jesus implica que Ele é inferior ao Pai; a analogia da ordem do Pai e Filho não é alguma coisa obrigando o filho em relação ao Pai, mas é a expressão livre e eterna da sua relação na Trindade. Somos somente conscientes desta relação, porque, como a “Palavra” do Pai, o Filho expressa perfeitamente e completamente a única vontade e revelado proposito de Deus.

Para os seres humanos para ser capazes estar em uma relação pessoal real com este Deus vivo, é necessário que Jesus seja também verdadeiramente humano. Jesus se fez completamente e perfeitamente humano pela encarnação, pela concepção miraculosa no ventre de uma virgem (pelo qual era foi “abençoada”). Desse modo, Ele adquire uma essência ou substancia que é realmente, completamente, e perfeitamente humana. Pela encarnação, dois naturezas perfeitas e completas se unem juntas em una Pessoa. Este entendimento era o fruto de séculos de reflexão pela igreja, expressada no Artigo.

O Filho é “verdadeiramente Deus”. Ario negou isto em 325, mas uma criatura divina não é digna de adoração, nem um revelador verdadeiro de Deus. O Filho é “verdadeiramente homem.” Isto é uma declaração contra a heresia Apolinária (360 d.C.) que negava a verdadeira humanidade de Cristo dizendo que ele era somente uma mente divina em um corpo humano, o que fazia a justiça da sua vida irrelevante e infrutífero para nos seguir.

O Filho é “uma Pessoa, nunca a ser dividida”, contra Nestorianismo em 431, que negava a unidade da Pessoa de Cristo, dizendo que ele era dois pessoas unidas em um tipo de “matrimonio”. Deste modo, a humanidade de Jesus se fazia somente um bom exemplo humano para nos, não uma revelação divina.

O Filho é “um cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus”, em contra Eutiquianismo em 451 que negava a distinção das duas naturezas de Cristo que houvesse significado que Jesus tinha um tipo de natureza diferente a nossa e, portanto, não houvesse podido tomar nosso lugar na expiação.

Tendo estabelecido a perfeita humanidade e divindade de Jesus, o Artigo resume como Ele é único e perfeitamente o salvado do Seu povo. A salvação é primeiramente arraigada nos eventos históricos autênticos da crucifixão e morte de Jesus. Na sua natureza humana, Jesus “verdadeiramente sofreu, foi crucificado, morte e sepultado”, em contra a heresia Docetista que diz somente parecia que fosse assim.

A ressurreição de Jesus é afirmada depois no Artigo 4, mas o Artigos 2 estabelece que o ponto alto da obra de Cristo é sua morte, e tem um alto preço, que revela o profundo amor dele pelo Seu povo. A morte de Jesus primeiramente consegue dois coisas: reconciliação e expiação. O propósito de Jesus na morte era “reconciliar Seu Pai conosco”, que é uma frase pouco usual, as Escrituras dizem mais comumente de nos ser reconciliados a Deus. Contudo, o Artigo estabelece o ponto que nosso problema real pelo qual Jesus morreu, não está em nós, que nos temos caído e brigado com Deus, mas que nosso pecado merece a ira justa de Deus, e somente a morte como pênalti satisfaz nossa transgressão da Sua santidade.

Esta é a razão pela qual Jesus é nosso Salvador sendo “um sacrifício”. Um adequado, perfeito sacrifício morrendo no nosso lugar, uma expiação substitutiva, satisfazendo a justiça de Deus, não somente pela “culpa original” (que é a mesma que o “pecado original” visto desde a perspectiva de Deus), mas também nosso “presente atual”. Esta última referência é dirigida especificamente contra o ponto de vista Católico Romano que ainda que a morte de Jesus trata com o pecado original, requere os sacrifícios das Missas para tratar com nossos pecados atuais. Porém, o Artigo declara que o único sacrifício perfeito de Jesus é suficiente em se mesmo para expiar todos os pecados do mundo. Este também enfatiza que a expiação de Jesus faz muito mais que fazer a salvação um potencial para qualquer um explorar; em vez trata com nossos pecados atuais e reais específicos. Sua expiação é objetiva e definitiva.

Em resumo, Jesus Cristo é único. Não há outra pessoa que é tanto perfeitamente Deus e perfeitamente homem e, portanto, capaz para revelar verdadeiramente Deus e se identificar completamente conosco. Somente Ele pode ser o Mediador entre nos e Deus (Artigo 7). Portanto, somente Ele é qualificado para ser o sacrifício que expia nossos pecados, nos traz reconciliação e perdão. O Artigo estabelece como slogan a verdade: NÃO CRISTO = NÃO DEUS; CONHECER CRISTO = CONHECER DEUS.

Rev Dr Rob Munro é o Reitor de St Mary’s Cheadle, Deão Rural de Cheadle, e Presidente do Conselho de Fellowship of Word and Spirit.


Artigo publicado no site de Church Society, um ministério anglicano evangélico da Inglaterra.



Tradução: Bispo Josep M. Rossello Ferrer



0 Comentários