Como morreram os Apóstolos?


Estamos nos aproximando do Natal, um dia que a Igreja de Cristo comemora o nascimento do Rei. Deus se encarnou e viveu entre nós, Emanuel, Deus conosco. Porém, o Rei não nasceu em palácios ou castelos, nasceu em meio ao Seu povo, como peregrino nesta terra. Ele viveu um estilo de vida diferente do que os Judeus esperavam do Messias profetizado; possivelmente, não o imaginaram popular. 


A ideia do Messias esperado era uma convergência do rei Davi, o rei Salomão e o profeta Elias. Esperavam um Salvador poderoso, como Jesus foi, porém, não esperavam uma salvação eterna, mas sociopolítica e cultural-religiosa. Israel esperava o Rei para libertar o povo escolhido das mãos do terrível dominador dos romanos e Cesar.

Talvez, você se pergunte o que isso tem a ver com os apóstolos, e ainda mais com a morte deles. A verdade é muito maior do possamos imaginar. Porque os apóstolos foram a primeira geração de discípulos de Cristo. Portanto, suas vidas, ministérios e mortes falam muitos sobre o próprio Cristo. Talvez, muito mais do possamos perceber.

Jesus viveu entre o povo de Israel do século I. Mostrou o estilo de vida do reino de Deus, e começou a chamar os primeiros discípulos que formariam o início da Igreja de Cristo aqui na Terra. Ele não buscou riqueza, nem ensinou sobre acumular posses na terra, nem se aproximou do evangelho de prosperidade ou a palavra de fé que tanto se vê hoje. Inclusive, muitos dos ensinos de Cristo e os milagres nem aconteciam nas “igrejas.” O Templo era um lugar de oração e estar na presença de Deus, com o povo de Deus.

Os primeiros discípulos fizeram exatamente isso. Seguiram os ensinos de Jesus, e desafiaram o “establishment” (status/ elite social) com a mensagem do Messias. Aquele bebê nascido, e não reconhecido pelos Seus, que celebramos no Natal, era o Senhor e Salvador do mundo esperado.

Por isso, não deveria ser uma surpresa aquilo que a tradição e a história da Igreja nos ensinam sobre a morte dos apóstolos. Eles seguiram o exemplo de Jesus. Entregaram suas vidas pela causa do Reino e a proclamação doe evangelho da graça. Assim, nunca se viu um pequeno grupo de pessoas fazer um impacto tão grande no mundo e que tivesse tal repercussão, como aqueles 12 homens e Paulo, o apóstolo tardio.

Como lemos sobre a morte dos doze apóstolos, lembremos também o exemplo de vida de Jesus, sobretudo nestas datas quando nos preparamos para celebrar um ano a mais o seu nascimento.

TIAGO – Morto em 44–45 d.C.


Um dos filhos de Zebedeu, era pescador, a exemplo de André e Pedro, e foi um dos primeiros a abandonar tudo para seguir Jesus. Permaneceu em Jerusalém, junto a Pedro, e depois foi até a Espanha. Foi o segundo mártir depois da morte de Cristo. A primeira foi Estevão.

Sua morte se pode ler em Atos 12:2, onde se diz de Herodes Agripa que ele matou a Tiago o irmão de João com a espada.

Tanto Clemente de Alexandria e stical History II.2) relatam que depois de ter visto a coragem e o espírito firme de Tiago, o executor foi convencido da ressurreição de Cristo, e acabou sendo executado juntamente com Tiago.

FILIPE – Morto em 54 d.C..


É dos apóstolos sobre quem se tem menos informações. Na última ceia, segundo o Evangelho de João, desafiou Cristo a mostrar Deus.

Filipe evangelizou em Frígia onde Judeus hostis provocaram sua tortura e, posteriormente, sua crucificação. Ele pregou o Evangelho na Palestina, Grécia e na Ásia Menor.

MATEUS – Morto entre 60-70 d.C.


Autor do primeiro evangelho na sequência do Novo Testamento, ainda que se considere que o de Marcos tenha sido escrito anteriormente. Antes de sua conversão ao Cristianismo, Mateus era coletor de impostos e se chamava Levi. Abandonou os negócios e distribuiu seus bens entre os pobres para seguir Jesus.

Começou o seu ministério pregando em Judeia. Depois, viajou a outras nações, e sofreu martírio na Etiópia, sendo morte pela ferida de uma espada, depois de pregar na Síria, Macedônia, Pérsia e o reino dos Partos. Como Jesus, viajou extensivamente na sua vida pregando o evangelho e fazendo discípulos.

TIAGO, O MENOR – Morto em 63 d.C.


Filho de Alfeu, é identificado às vezes como Eusebius (Ecclesia) o irmão de Jesus, às vezes, como primo. Foi o principal líder da comunidade cristã de Jerusalém, e escreveu uma das cartas do Novo Testamento. Sua vida confunde-se com a dos outros apóstolos na Bíblia.

Para forçar a Tiago que nega-se a ressureição de Cristo, judeus hostis colocaram Tiago na parte sudeste do pináculo do Templo em Jerusalém. O mesmo pináculo que Cristo foi tentado por Satanás. Ele não negou a verdade que acreditava em Cristo, foi puxado ao abismo e, posteriormente, quando perceberam que não tinha como ser morto apenas na caída, foi golpeado até a morte.

PEDRO – Morto em 64 d.C.


Ainda quando Pedro negou Cristo três vezes antes da crucifixão de Cristo, depois da ressurreição, ele foi o principal apóstolo entre os apóstolos, Primus inter pares. Ele sofreu morte pelas suas crenças. Em João 21:18–19, Jesus fala para Pedro como ele iria a morrer.

Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, porque ele não se sentiu digno de morrer da mesma forma que o seu Mestre e pediu para ser crucificado de tal modo.

Pedro pregou em Antioquia, Coríntio e Roma. O apostolado de Pedro foi de tal sucesso levando a muitos a fé em Cristo que causou a ira de Nero que se levantou e persegue os cristãos fortemente, causando o martírio de Pedro.

ANDRÉ – Morto em 70 d. C.


Irmão de Pedro, foi o primeiro a ser convocado por Jesus. André foi quem apresentou seu irmão Pedro a Jesus. Ele seria morto pela sua fé seis anos depois de Pedro. Pregou pelas regiões que hoje correspondem à Turquia, à Grécia e à Rússia. Depois de pregar intensamente a ressureição de Cristo aos Citas e Trácios, ele também foi crucificado pela sua fé. Ele foi morto em Patras, uma cidade de Acaia, na Grécia.

Os testemunhos afirmaram na época que André, quando era levado para a morte, diz estas palavras, “tenho desejado largamente e esperado esta hora feliz. A cruz tem sido consagrada pelo corpo de Cristo…” André continuou pregando por dois dias para aqueles que crucificaram ele até sua morte.

TOMÉ – Morto em 70 d.C.


Tomé ficou conhecido na história como o apóstolo que duvidou sobre a ressurreição de Cristo, porque não acreditou no testemunho dos outros discípulos. Em João 20.25, lemos a afirmação pela qual Tomé ficou conhecido até os dias de hoje, “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.”

Após testemunhar o Cristo ressurgido, pregou na Pérsia e na Índia, onde ergueu um templo com as mãos. Ele estabeleceu as primeiras comunidades cristãs na Índia, hoje são chamadas da Igreja Mar Thoma.

Sua morte foi terrível, sendo com lanças, atormentado e queimado vivo.

BARTOLOMEU – Morto em 70 d.C.


Chamado de Natanael nos evangelhos, era descrito por Jesus como alguém leal, em quem se podia confiar. Ele foi o primeiro a confessar Cristo, “mestre, você é o Filho de Deus. O Rei de Israel” (João 1:49).

Pregou na Índia e na Armênia, sendo morto pelo rei Astyages da Armênia. Anos depois, Armênia seria o primeiro país a ser cristão.

MATIAS – Morto em 70 d.C.


Matias ocupou o lugar de Judas Iscariotes entre os apóstolos de Cristo. Leia Atos 1:26. Crê-se que Matias seria um dos setenta discípulos enviados por Cristo, conforme lemos em Lucas 10:1. Ele pregou na Etiópia, e foi morto a pedradas enquanto estava crucificado. Depois de morto, foi decapitado.

JUDAS TADEU – Morto em 72 d.C.


Nascido em Nazaré, a exemplo de Jesus, era irmão de Tiago, o Menor. Ele pregou o evangelho em meio dos sacerdotes pagãos de Mesopotâmia. Ele foi golpeado até a morte com paus em Dessa e, posteriormente, crucificado.

SIMÃO – Morto em 74 d.C.


Também conhecido por Simão, o zelote, integrou um grupo radical – os zelotes – que pregavam a libertação de Israel do domínio romano. Depois da ressurreição, ele virou um verdadeiro pelote para Cristo. Acompanhou Judas Tadeu em pregações pela Pérsia.

Sua morte aconteceu durante o seu tempo na Síria onde foi crucificado pela sua fidelidade ao evangelho de Cristo.

JOÃO – Morreu em 95 d.C.


Irmão de Tiago, o Maior, João era o mais novo dos apóstolos quando Jesus viveu. Escreveu o quarto evangelho de Jesus Cristo e três epístolas do Novo Testamento, além do livro do Apocalipse. Ele foi exilado na ilha de Patmos durante o reinado do imperador Domiciano pela sua pregação do evangelho do Cristo ressurreto. Ele escapou de Patmos, e voltou em Edessa onde exerceu o sue Episcopado. Ele morreu idoso. Foi o único a morrer de causas naturais – todos os outros foram executados.

As vidas dos primeiros apóstolos nos lembram do poder do evangelho da ressureição de Cristo, por isso, este é um bom momento de refletir que o nascimento de Jesus está ligado a sua morte, porém também a sua vida com os seus discípulos, a ressurreição e ascensão, e, no tempo final, a sua segunda volta.

A morte dos apóstolos nos chama a viver uma vida de martírio, talvez não seja uma morte terrível, sendo executados ou sofrendo atentados como nossos irmãos em Cristo. Talvez, seja um martírio branco, como falavam a igreja primitiva na Grã-Bretanha, a Igreja Celta. O martírio branco é quando um cristão compromete sua vida totalmente e plenamente a servir e amar a Deus, deixando para trás as coisas deste mundo e buscando primeiro o Seu reino.

Oro para que, neste Natal, renovemos nossa entrega ao Senhor para que Deus seja glorificado através das nossas vidas.

Autor: Bispo Josep M. Rossello Ferrer
Publicado em Reformai


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