Sim a Calvino, mas não a Genebra


Ser Anglicano, significa ser parte da Igreja universal que surgiu depois de ser reformada na Inglaterra. A Igreja já existia na Inglaterra, possivelmente, desde o século I, como narram os historiadores da época.

Ser Reformado, significa estar ligado a este movimento que mudou a história da Igreja universal no século 16, quando a Igreja de Roma se encontrava envolvida em um completo caos.

Ser Anglicano Reformado, realmente significa que somos anglicanos que ainda acreditamos nos princípios da Reforma Inglesa do século 16 e 17, e nossa comunhão com as igrejas que surgiram das diversas reformas europeias no século 16.

Só precisamos ler os 39 Artigos da Religião para perceber que o Anglicanismo bebe das fontes, puramente e genuinamente, teológicas de João Calvino e Martinho Lutero. Contudo, o Anglicanismo não foi, nem tentou ser, Genebra. O Anglicanismo se vê refletido em Canterbury.

Richard Hooker escreve sobre o desenvolvimento da reforma em Genebra sob a liderança de João Calvino. Ele escreveu sobre Calvino, “seu grande esforço em compor as Instituições da Religião Cristã... seu esforço diligente para expor as Escrituras” (Prefacio 2.8).

O mesmo tempo, Hooker discordava com a posição do movimento Puritano de que a forma de governo da igreja estabelecido por Calvino em Genebra era necessário, porque só ele era ordenado nas Escrituras. Hooker não concordava que “anciões leigos” tivessem o poder de excomungar ninguem, e este poder estava em mãos dos bispos.

Hooker considera os esforços de Calvino em Genebra positivos, contudo não considera ser oportuno na Inglaterra. “O que Calvino faz para estabelecer sua disciplina, parece ser mais louvável que o que ele ensinou para o apoio dela” (Prefacio 2.7).

A maioria de teólogos Anglicanos apoiaram a ideia do Episcopado histórico, ainda que existiu um movimento dentro do Anglicanismo, chamado os Puritanos, que conseguiriam estabelecer temporariamente o governo presbiteriano no século 17.

Hoje em dia, o governo conciliar sob a liderança de bispos é uma das características do Anglicanismo que é refletida no concilio de Jerusalém (Atos 15) e nas orientações do apóstolo Paulo a Timóteo e Tito (1 e 2 Timóteo, e Tito). Não em vão, se as funções de bispos e presbíteros podiam ser, praticamente, iguais, nos primeiros anos da vida da Igreja, isto começa a mudar claramente nos últimos anos da Igreja no Novo Testamento até haver uma distinção clara e funcional destes cargos (presbíteros e bispos),  a finais do século I.

Por este motivo, sou Anglicano. Sou de Canterbury, não de Genebra, ainda sendo agradecido a Deus por João Calvino e seu ministério em favor das Escrituras e o Evangelho.


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