Qual é o propósito de Deus na eleição?


A Eleição é sem dúvida uma das doutrinas que maior controvérsia tem causado ao longo do tempo. Possivelmente, o debate sobre a eleição e o livre arbítrio começou com a controvérsia entre São Agustín e Pelágio.

Durante a Reforma, a doutrina da eleição teve um papel importante em diversos debates teológicos. Não precisamos dizer que a eleição trata sobre a salvação do mundo.

Em 2 Timóteo 2.10-11, encontramos as palavras do apóstolo Paulo, “Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos.”

Não tenho dúvida da controvérsia que esta doutrina tem causado, e seguirá causando. Ao mesmo tempo, acredito que é uma doutrina realmente mal-entendida e, dificilmente, este artigo mudará isso. Uma coisa sei, esta doutrina traz um grande conforto para o povo de Deus em meio das dificuldades.

A doutrina de eleição ensina que antes de que alguém fosse nascido, inclusive antes da criação do mundo, você foi eleito no coração de Deus para ser salvo do pecado que tinha você atado (Efésios 1.4-5). Existe muito debate sobre o porque (conhecimento prévio divino ou decisão divina), quando (antes ou depois da caída) e como (a escolha soberana de Deus ou livre arbítrio). Existem diversas escolas teológicas que tentam esclarecer estes aspectos da eleição, tanto entre os evangélicos como na Igreja de Roma.

Agora bem, as Escrituras são claras em diversos pontos:
  1. Deus nos elegeu, nós não O elegemos (João 15.16)
  2. Ele nos escolhe pela sua graça, esta escolha não está baseada em nenhuma habilidade nossa (2 Tessalonicenses 2.13)
  3. A eleição nos ensina que é uma decisão soberana de Deus (Romanos 9.15-16)
  4. Ele nos redime, traz a fé, justifica e glorifica em e através de Jesus Cristo (Romanos 8:28-39)
  5. A eleição de Deus nos ensina que Deus nos ama e que não vai esquecer de nós (João 6.37)
  6. Ele é Fiel (1 Coríntios 1.8-9)
  7. Nossa eleição significa que temos um chamado divino para proclamar as boas novas que Cristo morreu e ressuscitou (Tiago 1.18)

Agora bem, isto mostra o fato de que somos eleitos, mas não o propósito pelo qual Deus elege um povo, chamado Igreja. Isto é refletido no último ponto da lista anterior, “Nossa eleição significa que temos um chamado divino para proclamar as boas novas que Cristo morreu e ressuscitou.”

Somos eleitos pessoalmente para ser parte do povo de Deus, mas somos eleitos para ir ao mundo e fazer visível o Reino de Deus nas nações e nos povos. Assim, podemos ensinar a ser obedientes aos ensinos do próprio Jesus Cristo.

As palavras de Leslie Newbigin, mostram com clareza os motivos pelos quais somos eleitos para formar parte da Igreja de Jesus Cristo.
E entretanto o último mistério da eleição permanece, podemos ver que o princípio de eleição é o único princípio congruente com a natureza do propósito redentor de Deus. E também podemos ver que onde quer que o caráter missionário da doutrina de eleição seja esquecida; onde quer que sejam esquecidos que somos eleitos para ser enviados; onde quer que a mente do crente esteja preocupada em outras coisas que não sejam em ser embaixadores e testemunhos de Cristo até os confins da terra; onde quer que os homens pensem que o propósito da eleição seja sua salvação, em vez  da salvação do mundo: então o povo de Deus tem traído sua confiança. (Lesslie Newbigin).
A igreja reformada e, também, toda a igreja cristã precisa despertar para esta grande verdade e lembrar que somos eleitos e escolhidos por Deus desde antes da criação do mundo, mas foi o decreto soberano de Deus para que Ele levasse adiante o seu plano através da Sua Igreja. Somos chamados a ser sal e luz do mundo e a proclamar as boas novas do Reino de Deus.
Não somos [i.e., Cristãos] eleitos para nós mesmos, não para ser os beneficiários exclusivos da obra salvadora de Deus, mas para ser portadores do segredo da sua obra salvadora para o bem de outros. Somos eleitos para ir e dar frutos. (Lesslie Newbigin)
Sejamos fiéis a Deus, obedientes a Cristo e fortalecidos pelo Espírito Santo. Com a certeza, “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro'” (Romanos 8.34-35).

Que Deus esteja conosco.

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