Crescendo na Graça - Pecado Original



Os cristãos sempre ensinamos que o evangelho é as boas novas de Cristo, porém nem todos compartilhariam tal ideia, devido a que as boas novas têm um lado não tão amável, de fato a realidade do pecado é terrível. Isto causa estupor para aqueles que não compreendem, nem conseguem aceitar toda a ideia do pecado original. A maioria das pessoas têm na mente que as crianças são inocentes, e boas, não tem nada de ruim nelas. Porém, todo o conceito de pecado original vai encontrar o pensamento popular que prevalece na sociedade de hoje. "Como pode ser que uma criança recém-nascida seja já pecadora?", diz o mundo diante de tal afirmação.

O ensino bíblico do pecado original é inegável, porém existe uma dificuldade em aceitar que tal seja o caso. Possivelmente, seja a mesma reação que muitos pacientes de doença terminal tem quando ouve a notícia. Será que realmente somos pecadores?

O artigo de fé de hoje nós ensina sobre esta doutrina, ainda que impopular, não deixa de ser parte essencial do estado do ser humano depois da queda. Ainda quando seja difícil ouvir, não por isso devemos de deixar de anunciar e ensinar ao respeito do pecado original.

ARTIGO IX - DO PECADO ORIGINAL
O Pecado Original não consiste na imitação de Adão (como em vão propagam os pelagianos); é, porém, a falta e corrupção da Natureza de todo homem, gerado naturalmente da semente de Adão; pelas quais o homem dista muitíssimo da retidão original e é de sua própria natureza inclinada ao mal, de sorte que a carne sempre cobiça contra o Espírito; e, por isso, toda a pessoa que nasce neste mundo merece a ira e a condenação de Deus. E esta contaminação da natureza ainda permanece também nos regenerados, pela qual o apetite carnal, chamado em grego phronâma sarkos (que uns interpretam sabedoria e outros, sensualidade, outros, afeição, e outros, desejo carnal), não é sujeito à Lei de Deus. E apesar de que não há condenação para os que creem e são batizados, contudo o Apóstolo confessa que a concupiscência e luxúria têm de si mesmas a natureza do pecado.

A doutrina cristã sobre o pecado original é que, depois da queda de Adão, todos os homens nascem pecadores; em outras palavras, com a natureza pecadora. Isto significa que temos sido contaminados pelo pecado de tal modo que ele tem tomado controle do nosso corpo. Isto não é tão diferente de uma pessoa viciada em drogas ou um alcoólatra. O vicio tem tomado conta das suas vidas até tal ponto que a pessoa acaba mudando.

Diante de tal mensagem, existe pessoas que reagem se opondo a tal ideia. Isto não é novo. No século IV-V, Pelagius foi um monge de Bretanha, atual Reino Unido, que ensinou a possibilidade do homem de escolher o bem e o mal, porque a natureza do homem era boa. A posição ensinada por Pelagius foi condenada pela Igreja de Cristo, nunca sendo aceita por nenhuma igreja cristã. Infelizmente, esta ideia não é diferente da que muitas pessoas têm hoje. A ideia de que o homem consegue resistir o pecado e viver sem pecado, levanta diversos problemas a ser considerados.

Primeiro, se o homem não comete pecado, podendo escolher ser bons o tempo todo, então não precisa de salvação. A morte de Cristo não faria sentido, porque Ele entregou sua vida para nos resgatar do pecado e da morte (resultado do próprio pecado). O homem poderia entrar no Céu pelo seu próprio mérito e esforço, possivelmente não esteja muito longe das ideias que muitas pessoas possuem, "Eu sou bom e, portanto, vou ao Céu". Deus nos ensina de forma diferente, "Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?" (Provérbios 20:9).

Segundo, a realidade diária mostra o fato de que o homem, ainda quando tenta ser bom, acaba cometendo pecado em alguma área. É verdade que as pessoas não usam o termo pecado, porém usam erros, equivocações ou culpas. O termo "pecado" resulta muito forte, como se fosse somente usada para pessoas que são ruins demais, sem opção de redenção. Na verdade, paradoxalmente, todos nos cumprimos essa definição aos olhos de Deus. "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus..." (Romanos 3:23). Se todos tem pecado, é impossível para o homem vencer o pecado.

Terceiro, se negamos a condição em que o homem está, será difícil tomar as medidas para curar aquilo que tem tomado controle da nossa vida. Uma das maiores dificuldades de um alcoólatra e um viciado é perceber e, depois, reconhecer que precisa de ajuda se deseja sair da condição que se encontra. Somente então poderá tomar os passos para vencer sua dependência. Cristo venceu o poder do pecado sobre o ser humano, e Ele é a resposta as consequências do pecado original sobre o ser humano. Ainda quando temos sido regenerados, ainda existe tal tentação e contaminação. O artigo de fé define tal estado, usando o termo grego phronâma sarkos (que uns interpretam sabedoria e outros, sensualidade, outros, afeição, e outros, desejo carnal). Este é o desejo que tenta controlar e dirigir as paixões do homem para seguir seu próprio caminho, em vez de seguir o caminho do Senhor.

Se deseja compreender o poder do pecado original sobre sua vida, somente precisa pensar quantas vezes você se prometeu que nunca mais iria fazer isto ou aquilo para, logo depois, se surpreender fazendo de novo. Ou quem não fez já uma promessa de final de ano para, logo depois, não seguir a mesma. Isto acaba sendo uma brincadeira, porque assim é mais fácil que aceitar a realidade de que não conseguimos vencer o pecado.

Outra situação curiosa é que os padrões de conduta colocados para os outros, não são seguidos por nós mesmos. Esperamos que os outros façam aquilo que nos não estamos dispostos a viver. Se não nos conseguimos seguir nossos próprios padrões de conduta, será que conseguimos seguir aqueles colocados por outras pessoas? E pelo Deus Santo e Perfeito?

Temos caído dos padrões morais e de conduta, não somente de Deus, porém os nossos próprios também. A lei de Deus nos condena, porque não seguimos ela. Também, nós mesmos nos condenamos pelos próprios padrões que colocamos a outros, porém falhamos em seguir. Todo isso serve como uma clara sinal da condição humana. Nossa natureza tem sido influenciada de forma profunda pelo pecado de Adão, e nascemos com uma condição impossível de resolver, a natureza do homem está corrupta pelo pecado de Adão e pelo próprio pecado.

Nos rejeitamos tal declaração. Alguma coisa em não se resiste a aceitar tal proposta, como estando certa. Alguma coisa deve estar errada, no entanto os defeitos dos outros nos lembram dos próprios defeitos. De fato, percebi já faz tempo que aqueles defeitos dos outros que mais me incomodam, são os mesmos próprios defeitos. Jesus diz certa vez, "Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho?" (Mateus 7.3). Depois de 2,000 anos, ainda resulta relevante estas palavras.

Não adianta correr longe de Deus, porque não poderemos escapar da própria condição. O homem chega a ofender a Deus, e negar sua existência, para justificar seu próprio pecado e iniquidade. Pensando que isto resolverá sua condição. O fato de que todos façam uma coisa, não faz que a mesma seja correta, ou boa. Pelo contrário, muitas vezes, as pessoas seguem a corrente das pessoas, ainda sendo consciente de que aquilo está errado de um jeito ou outro.

A condição de pecado do ser humano nos aponta a necessidade de encontrar uma cura. A cura se encontra na Cruz e Ressurreição de Cristo. O Salvador que precisa o homem, é também o Senhor que nos ensina como viver vidas satisfatórias e transformadas pelo poder do Espírito Santo.

Nesta Quaresma, e qualquer outro momento do ano, seja um tempo para considerar em que área da nossa vida temos deixado o desejo pelo pecado controlar nossa vida e quais atitudes e comportamentos devem mudar para agradar ao Senhor. Isto nos ajudará a perceber nossa incapacidade de viver uma vida em plenitude e felicidade sem a presença de Deus e a obra do Espírito Santo. Todos nos precisamos do nosso Salvador, Jesus Cristo. Somente Ele nos reconcilia com o Pai e nos faz uma nova criação pelo Espírito Santo. Sejamos agradecidos a Deus pelo perdão e a nova vida que nos tem dado em Cristo.


TEXTOS PARA MEDITAR

Gênesis 3.1-19; Proverbios 3.5-6; Mateus 7.3; Romanos 3.9-23; 1 Coríntios 15.21-22.



PERGUNTAS PARA REFLETIR

- O que é o pecado original?

- Porque os ensinos de Pelagius são equivocados?

- Qual é a nossa condição humana?



LIVROS PARA SEGUIR CRESCENDO NA GRAÇA

BRIDGES, Jerry, Pecados Intocáveis, Editora Vida Nova, SP.

SHEDD, Russell, Pecados e pecadinhos, Shedd Publicações, SP.

SHERLOCK, Charles, A doutrina da Humanidade, Editora Mundo Cristão, SP.


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