Carta a um jovem teólogo sobre o véu nos dia de hoje


Prezado amigo em Cristo,

A graça do nosso Senhor, Jesus Cristo, esteja contigo. Faz tempo que vejo seu desejo de ser fiel a Deus e obediente aos ensinos de Jesus Cristo. Isto é sem dúvida admirável.

Faz tempo que observo sua preocupação de obedecer até o mais mínimo dos detalhes, mas caindo em questões secundárias às verdades do evangelho e, talvez, perdendo o foco do que é essencial do que não é realmente. Ocupando tempo demais em questões que terminam desviando a atenção nas coisas do Reino.

Assim tem sido com a questão do “véu.” Certamente, tenho evitado responder esta questão e manter certa distância, mas a repetitiva insistência por parte de alguns em falar do véu, faz que deva responder esta questão que preferia nem ter que responder.

Poderá imaginar que discordo do sentido que destes às palavras do apóstolo na questão do véu. Realmente, não discordo com tudo o que escrevestes, minha maior discordância é sobre o fato de que as mulheres casadas devem usar o véu, hoje, no culto cristão.

A interpretação que damos às palavras do apóstolo é a questão chave. Percebo que interpretamos o texto de forma divergente, dando sentidos diversos às palavras do apóstolo Paulo. A Bíblia é inerente e infalível, mas as nossas interpretações dela, não são.

Se o véu fosse uma questão importante, tenho certeza de que surgiria em outras epístolas de Paulo ou em outros livros da Bíblia. Ainda que fosse brevemente, deveria estar presente no livro de Apocalipse, já que é um livro impregnado de culto e adoração desde o início ao fim. Contudo, não se menciona nada do véu em tal livro.

Com certeza, encontramos outros textos que afirmam, ao meu entender, o princípio que Paulo deseja dar neste texto às mulheres. Isto é a correta relação entre a esposa e o marido. Os ensinos de Paulo se vêem novamente refletidos nos seus conselhos dados ao jovem bispo Timóteo sobre as mulheres (1 Tim 2, 9-10) e, também na epístola aos Gálatas (5:22-23). Assim, encontro um pensamento linear nas epístolas de Paulo.

Novamente, nenhuma menção do véu fora da primeira epístola de Paulo aos Coríntios. Isto me mostra que existe, sim, no texto uma conjuntura congregacional particular que deve ser corrigida e que tem elementos socioculturais presentes que devemos perceber.

Do contrário, podemos cometer o erro que, infelizmente, observamos entre os fariseus que, desejosos de seguir a Deus, terminaram fazendo da lei uma pedra de tropeço para o povo de Deus do Antigo Testamento. Isto é perigoso e complicado ao meu ver.

No meu texto anterior, ainda não tinha tomado meu café, portanto escrevi em portunhol. Espero que esta carta ajude a esclarecer vários pontos importantes. Não tenho certeza se consegui isso no texto anterior. Portanto, a questão “cultural,” possivelmente, não foi esclarecida como desejava. Existe uma cultura do Reino, tanto quanto cultura dos povos e das nações, sendo possível que estes aspectos culturais sejam temporais ou atemporais.

O texto de Coríntios deve ser entendido no contexto da epístola. Paulo deseja resolver problemas surgidos no culto e admoestar as esposas a ser a glória do marido, assim, honrando o mesmo. Observamos que Paulo trata nos capítulos anteriores de questões relacionadas à imoralidade sexual, casamento e divórcio, questões relacionadas aos ídolos. Agora, Paulo deseja tratar de questões relacionadas à atitude das esposas no culto, à questão da Ceia do Senhor e à comida oferecida aos ídolos (11:2 - 14:40), sendo todas estas três questões diretamente relacionadas ao culto cristão em Coríntios. Interessante perceber que vários temas se repetem durante esta epístola.

O apóstolo Paulo tenta corrigir uma situação que está acontecendo na igreja de Coríntios. Ele tem ouvido isto, possivelmente, de forma escrita (1 Coríntios 7:1; 12:1) ou alguém tem contado a ele (1 Coríntios 11:18). Em qualquer caso, ele é consciente dos problemas que tem surgido em Coríntios.

Uma das primeiras coisas que observo em 1 Coríntios 11.2, é o uso do termo, "tradição" (aquilo que tem sido passado). Se existe tradição, existem elementos culturais que podem, ou não, ser relacionados a um tempo e circunstância determinada. Paulo aplaude o fato dos irmãos em Coríntios de seguir ditas tradições. Contudo, deseja corrigir os erros acontecidos (v. 3).

Qual é este erro que deve ser corrigido?

Paulo tem ouvido que existem mulheres, esposas de fato, que oram e profetizam no culto sem ter a cabeça coberta (1 Cor 11.13). O problema é o fato de que se a esposa não usa o véu, então está desonrando o marido, e não dando a glória devida.

Mas, por que não usar o véu seria desonroso para o marido?

Primeiro de tudo, devemos entender o que significa o véu para a sociedade daquela época, do contrário se faz difícil entender a importância do mesmo. Sem mencionar a importância de uma boa exegeses do texto bíblico.

No Império Romano, as mulheres casadas usavam o véu como sinal de casamento; da mesma forma que hoje usamos a aliança. A importância de cobrir a cabeça, não era cobrir simplesmente a cabeça per se, mas cobrir o cabelo que tinha um sentido de beleza, sensualidade e glória da mulher.

Isto se vê claramente quando Paulo fala de que é desonroso raspar a cabeça (vv. 5-6), e lembra que o cabelo é a glória da mulher (vv. 15). Portanto, a questão da sensualidade, se vê entrelinhas, se fôssemos um leitor do século I. Evidentemente, isto não é tão claro para um cristão do século 21, onde o cabelo não tem para o homem e a mulher o mesmo sentido.

As mulheres solteiras cuidavam muito do seu cabelo, porque entendiam a importância que tinha para ser consideradas uma esposa virtuosa no século I. Agora bem, aquilo considerado oportuno para as mulheres solteiras, não pode ser considerado para as mulheres casadas, porque o sentido é diferente. Assim, envia a mensagem errada para os outros homens.

Paulo deseja corrigir o problema e ensinar o casal a ser marido e esposa. Esta é a chave para entender o que Paulo tenta ensinar à igreja de Coríntios. Este ensino é atemporal e universal, bíblico e fundamental.

Isto se entende melhor quando paramos um instante para pensar por que um homem desejaria cobrir sua cabeça. Temos lido os motivos pelos quais a esposa fazia isso, mas por que o homem faria tal coisa?

Novamente, naquele tempo, os homens tinham a prática de colocar as partes livres da toga para cobrir suas cabeças, como sinal de piedade no culto aos deuses pagãos. Assim, Paulo mostra este exemplo das práticas pagãs, já que a mesma era absurda para os cristãos, para mostrar que fazer isso era desonrar a Cristo, porque regressavam às práticas e costumes pagãos de oração e, voltando assim, ao seu estado anterior à fé em Cristo (1 Coríntios 8.4). Deste modo, Paulo prepara o caminho para mostrar que, se uma esposa não cobre sua cabeça, então desonra o marido, porque volta ao estado anterior ao seu casamento. Em outras palavras, está falando que não é uma mulher casada, sendo assim uma desonra para o marido.

Imaginem este fato. Não existe forma pior de desonrar o marido que, publicamente, mostrando que não é uma mulher casada quando, em verdade, ela é esposa. Sobretudo quando este fato tem claras conotações sexuais devido a que os cabelos eram considerados cheios de sensualidade na época. Assim, as esposas que faziam assim duplamente ofendiam os maridos.

Se observamos os capítulos anteriores da epístola, onde Paulo tenta mostrar os absurdos da sua imoralidade e o problema no casamento e os divórcios, então entendemos claramente a preocupação pastoral de Paulo para edificar os casais e ensinar a importância de que o marido é a cabeça da família e deve ser sempre respeitado. Este ensino se encontra em outros textos bíblicos (por exemplo, Gênesis 3.16).

A mulher deve usar, sim, um símbolo que está sob autoridade do marido, para evitar desonrar o marido. No Império Romano, era o uso do véu. Em outros contextos, se deve observar este princípio através de outro símbolo; por exemplo, a aliança. Por esta razão, a aliança forma parte do rito cristão de casamento, e não o véu.

Um fato interessante é que, tradicionalmente, a mulher usava um véu para entrar na paróquia, sendo somente levantado uma vez que tinha feito os votos. Assim, a nova esposa levantava o véu, e beijava o seu marido, representando que ela se desposava plenamente e se entregava ao marido sem reservas. Isto deve ser explicado mais extensamente em outra ocasião.

No seguintes versículos, encontramos uma explicação detalhada dos ensinos básicos para a esposa que deseja honrar e ser a glória do seu marido. Este texto não trata do véu, este é só o símbolo usado naquele tempo para mostrar visivelmente o que, realmente, é essencial.

O primeiro ensino que encontramos nesta controvérsia é aquele que envolve a questão de quem é a cabeça. A cabeça significa autoridade (kephalê, Ef. 1.22; Ef. 5.23; Col 2:10). Agora bem, esta autoridade deve ser entendida em relação a Cristo e a Igreja. Esta não é um poder centrado em um mesmo, mas deve ser entendida em uma liderança que toma cuidado para servir às necessidades espirituais, emocionais e físicas da esposa (veja Marcos 10:44-45; Ef. 5.23, 25-30).

Se desejamos entender plenamente o texto em particular, devemos entender que “a cabeça de Cristo é Deus.” Como pode ser isto, se Cristo é a Segunda Pessoa da Trindade?

Este texto fala de Deus referindo-se a Deus Pai, indicando que, dentro da Trindade, o Pai tem um papel de autoridade ou liderança com respeito ao Filho, ainda que são iguais em deidade e atributos (meditemos e refletimos em João 5:19; João 14:28; 1 Cor 15:28). Assim, Paulo nos ensina que este princípio também se aplica às relações entre marido e esposa. No matrimônio, como na Trindade, existe igualdade em ser e no valor, mas diferença na função (vejamos Ef. 5.22-33).

O erro, ao meu ver, é quando transferimos este princípio de liderança e autoridade ao véu, sem perceber que a cabeça (kephalê) representa autoridade, mas o véu representa simplesmente honrar o marido, como temos comentado anteriormente. Portanto, o véu é temporal, devido a que é um sinal e símbolo, mas o princípio de autoridade é atemporal. Aqui, é onde acho que você engana-se, devido a dificuldade de diferenciar os dois.

Este texto, como outros, dá para o autor contemporâneo uma possibilidade de ter mais de um significado, sobretudo se erramos na nossa exegeses. Por isso, sempre devemos perceber, se tal ensino, ou prática, ou costume, é mostrada em outros contextos culturais e textos bíblicos. Ao meu entender, Paulo faz um jogo brilhante com as palavras que permite chamar a atenção da igreja de Coríntios, sobretudo tendo em conta que o leitor entenderia intuitivamente o ensino da epístola.

O segundo ensino importante sobre a relação entre um marido e uma esposa, se encontra na frase “a mulher é glória do homem.” Esta frase se entende no sentido de que “aquela que mostra a excelência do marido.” Paulo mostra, assim, que uma mulher, pela excelência do seu ser, também mostra como excelente o seu marido, já que ela foi feita a partir do homem no início (1 Cor. 11:8) e, não esqueçamos, foi criada como ajudadora para o homem no início (1 Cor. 11:9; também vejamos Gê 2.20-24).

Paulo não está negando que a mulher está feita à imagem de Deus, porque seria uma negação direta de Paulo do ensino de Gênesis 1.27. Também não nega que a mulher também reflete a glória de Deus. Paulo não está pensando no primeiro homem e mulher sem mais, ele tem em mente que Adão e Eva são o primeiro casal, marido e esposa (Gê 2:24; Efésios 5:31).

O ensino de que o homem é o líder do lar, deve ser entendido no sentido universal e atemporal, e não somente como uma questão cultural, como mostra o fato de mostrar a ordem de criação (veja 1 Cor 11:3, 11-12). Assim, a autoridade do homem no matrimônio segue sendo um ensino vigente em cada geração, ainda que o símbolo deste fato possa mudar, ou variar, já que é temporal e contextual; por exemplo, usar véu, ou usar aliança.

Possivelmente, entramos no texto que mais tem causado controvérsia neste debate. “Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade” (vv 10).

Literalmente, “à mulher deve convir ter autoridade (exousia, grego) sobre sua cabeça,” onde a palavra “autoridade” se refere a cobrir a cabeça, que era um símbolo de autoridade. Portanto, isto significava exatamente o que temos falado até aqui. No contexto de Coríntios, isto significa, evidentemente, usar o véu, porque era o símbolo de que ela está sobre a autoridade do marido.

Agora, imagine como analisar o grego tem feito toda a diferença do mundo. Não podemos esquecer que estamos usando traduções do original e somente o original é infalível e inerente.

Desejo esclarecer a menção dos anjos (vv 10), porque tenho lido tantas interpretações que tenho ficado ansioso sobre os erros desenvolvidos a partir de certas interpretações.

Lembremos novamente que Paulo está escrevendo sobre questões de culto. Ele tenta resolver problemas relacionados ao culto cristão na igreja de Coríntios.

Portanto, anjos se referem aos seres angelicais invisíveis (1 Cor 6:3; Heb 1:7) que estão presentes no culto cristão dos Coríntios (Salmos 138:1), como em qualquer outra igreja, e cuja presença faz do decoro na adoração ainda mais importante. No Novo Testamento, lemos que os anjos estão observando, como um dos motivos para obedecer os mandamentos de Deus (veja 1 Tim 5:21; Heb 13:2; 1 Pet 1:12).

A razão de que as esposas devem ser decorosas diante da presença dos anjos, como seres celestiais, se encontra refletida em outros textos bíblicos (veja 1 Tim 2, 9-10; Gl 5, 22-23); e, sem dúvida, o véu era um dos símbolos de decoro e submissão naquela época.

Os ortodoxos tem um entendimento do culto no qual quando congregamos para adorar e louvar a Deus, não estamos simplesmente em um local físico na Terra, mas entramos diante dos átrios celestiais. Esta complexão de culto está perfeitamente ligada a visão de adoração do livro de Apocalipse (Ap. 5.11-12; Ap. 7:11-12; Ap. 8:3-4; Ap. 14:6-7, entre outros textos).

Talvez, agora, entenda a importância da adoração e, ao mesmo tempo, por que dedicamos tanto tempo e esforço a falar do culto cristão.

A questão tratada é o decoro da esposa, como realidade de que o marido é autoridade da esposa, como Cristo sobre a Igreja. Porém, não devemos entender esta autoridade de forma errada, ou interpretar erradamente. O texto não fala que a mulher tenha menos importância que o homem. De fato, fala todo o contrário (vv 11). O homem e a mulher são os dois parte da criação de Deus e são mutualmente interdependentes, e dependem um do outro.

No verso subsequente encontramos o sentido comum, sendo expressado através da natureza. Este texto nos ensina o que é apropriado para o homem e a mulher. Afinal, o homem que levasse o cabelo longo, estaria fazendo o mesmo que a mulher, mas sendo contranatural, naquela época, porque o cabelo longo era considerado parte da glória da mulher, como comentei anteriormente. Em outras palavras, seria uma desgraça para o homem parecer uma mulher, devido ao seu estilo de cabelo.

Agora bem, as normas referentes aos estilos de cabelo são culturais e temporais, mas existe o ensino universal de que o homem não deve parecer uma mulher, nem desejar ser uma mulher no seu estilo. Paulo deseja ensinar que o homem deve parecer um homem, conforme o seu contexto cultural. Um exemplo claro, é que se eu visto uma saia no Brasil, as pessoas vão olhar de forma estranha, mas isto pode ser um símbolo de elegância na Escócia.

Existe uma tentação, evidente nos dias de hoje, onde o homem e a mulher não desejam mais parecer o que Deus os criou para ser. Não podemos, nem devemos, desrespeitar a ordem e as diferenças dos sexos que tem sido criadas pelo próprio Deus na criação.

Por certo, falando sobre cabelo longo, encontrei uma curiosidade no grego para “cabeça coberta” (kata kephalês, grego), porque o grego significa literalmente “descendo da cabeça” e pode referir-se tanto ao cabelo longo que é deixado solto (vv 14-15), como a um que que cobre a cabeça, ou a uma peça de tecido colocado sobre a cabeça (lenço) que permite ver a face.

Observamos como nem sempre os textos são tão fáceis de interpretar quando os observamos cuidadosamente. Será que está referindo-se a um véu, como pensam a maioria de tradutores, ou será que se refere ao cabelo longo, como comenta o próprio Paulo no mesmo texto (vv. 14-15)?

Somente comento esta questão, porque acredito que este texto é complexo e nem tão direto no seu entendimento, como alguns proponentes do véu desejam mostrar. Sem falar que este texto bíblico, na sua interpretação mais fechada, é a única base para defender o uso do véu pelas esposas no culto.

O que levou estas mulheres a não usar o véu, não é esclarecido no texto. Contudo, resulta peculiar o fato de que não se menciona em nenhum momento, se os maridos das esposas que estão desonrando os seus maridos, estão presentes no culto, ou não, ou se eles são cristãos.

A atitude das esposas pode mostrar, indiretamente, que as esposas atuavam dessa forma, exatamente porque os maridos não estavam presentes. Desta forma, não se sentiam com a obrigação de usar o véu quando oravam ou profetizavam.

Se fosse assim, Paulo ensina o fato de que ainda, sem ser cristão o marido, as esposas devem reconhecer seus maridos como autoridade sobre elas, e elas devem ser a glória do marido e honrar a ele em todo momento.

Finalmente, este texto termina (vv 16) com um convite à igreja em Coríntios a seguir os ensinos cristãos das outras igrejas (1 Cor 1:2; 1 Cor 4:17; 1 Cor 7:17; 1 Cor 14:33, 36). Assim, reforça a catolicidade da Igreja de Cristo, à diferença dos Puritanos que defendiam o sistema congregacional da igreja local.

Isto me lembra que, se os Puritanos tinham grandes mestres entre eles, tiveram dificuldades de viver o evangelho em meio da diversidade. De fato, mostraram grande intolerância quando conseguiram o poder, atuaram como verdadeiros tiranos. Ao mesmo tempo, sempre apostaram pela exclusão e separação do mundo que levou a excessos pastorais e radicalismo na prática, quando as Escrituras falam com clareza de que a Igreja está formada por trigo e joio.

Nem tudo foi errado neste movimento. De fato, existem verdadeiros heróis da fé e grandes mestres entre os Puritanos. Os Puritanos são um exemplo do que acontece quando os últimos dons ministeriais (mestre e pastor) são colocado, diante dos outros dons ministeriais (apostólico, profético e evangelismo).

A Igreja de Cristo tem seu sentido na missão. Somos chamados a viver, como uma nova sociedade em meio do mundo e, assim, mudar o mundo. Não a viver fora do mundo, como os Puritanos que escaparam para o Novo Mundo.

Esta é minha maior preocupação, a falta de vida e missão entre os Puritanos, a maioria dos quais estão mais preocupados em converter outros cristãos às suas posições que em pregar o evangelho e fazer visível o Reino de Deus.

Talvez, amado amigo, você ache que estas afirmações são infundadas. Uma coisa são os brilhantes escritos dos teólogos Puritanos e, outra, o que aconteceu na prática.

Quando nos preocupamos principalmente da teologia dogmática, sem viver na comunidade cristã e sendo fiéis à missão de Deus, estamos no caminho errado, e seremos iguais aos fariseus, conhecedores da lei mas que não viviam a mesma. Enquanto passemos mais tempo diante do computador escrevendo e lendo teologia que evangelizando, orando e adorando, podemos ter certeza de que alguma coisa está errada.

Fico preocupado com o neo-puritanismo atual. Os escritos são realmente de grande qualidade, mas seguem cometendo o mesmo erro que seus antepassados. A falta de visão faz que terminem sendo incapazes de fazer aquilo que Deus chama a Igreja a ser. Infelizmente sua própria teologia da pureza faz que se auto-afirmem pensando que são perseguidos por ser “o puro remanescente,” quando poderia parecer que o problema está em certas atitudes que nos lembram aos “fariseus.”

Não estou falando que seja melhor que eles em caso nenhum, mas reconheço minha pequenez de conhecimento e falta de sabedoria na maioria de vezes. Devemos ser humildes diante de Deus, e perceber que melhor é errar na bondade, liberdade e amor, que errar na letra da lei.

Tenho certeza que seguirei aprendendo muito dos irmãos neopuritanos, como aprendi dos puritanos. MAS se melhores homens de Deus cometeram erros no passado, quanto mais nos tempos atuais.

O texto bíblico que temos refletido, não mostra a obrigatoriedade do uso do véu, mas ensina princípios fundamentais para o matrimonio e as relações entre o marido e a esposa. O símbolo de autoridade pode mudar nos contextos, tempos e culturas diferentes, contudo hoje temos um símbolo e sinal, na aliança, tão válido como o véu foi para a igreja em Coríntios.

Desejo que siga firme no evangelho, seja apaixonado pelas pessoas que ainda não conhecem a Cristo e olhe com amor e compaixão, aqueles que ainda não tem entrado na graça na qual nos vivemos.

Segue sem medo na caminhada com Deus, e nunca, nunca, nunca, deixes de buscar a iluminação do Espírito Santo. A jornada é longa, e ainda temos muito caminho na nossa frente.

Que Deus sempre esteja contigo, meu amigo.

Sinceramente em Cristo...

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