Sobre a Sexualidade Humana


Uma posição e compreensão da sexualidade humana fundamentada nas Escrituras Sagradas e as posições históricas da tradição Anglicana


Preâmbulo

Os seres humanos foram criados a imagem de Deus para ter uma relação intima com Seu Criador e uns com os outros (Gênesis 1.26; Mateus 22.37-39; João 17.3; 1 João 4.11-12). Desde o inicio, Deus criou o ser humano em dois gêneros, homem e mulher (Gênesis 1.27). Uma expressão amorosa e bondosa do Seu caráter, o homem e a mulher declaram Seu satisfação profunda e apaixonado desejo. Ambos eram criaturas com desejo por intimidade sexual pela sua própria natureza, e Deus planejou que eles poderiam alegrar-se na sua masculinidade e feminidade. Sua criação era “muito boa” (Gênesis 1.31). Não tinha nada incompleto ou vergonhoso sobre o que tinha sido criado. Masculinidade e feminidade dá a base principal para o ser humano definir sua personalidade e sua relação com Deus e com os outros (Salmo 8.3-6; Salmo 100.3; Isaías 43:1, 3, 4; Jeremias 1:5; 1 João 4:7, 8).

A Bíblia apresenta uma visão holística do ser humano sem nenhuma dicotomia entre o corpo e o espirito (Gênesis 2.7; Salmo 63.1; Salmo 84.1-2; 1 Tessalonicenses 5.23). Em toda a Bíblia, a sexualidade é claramente considerada como um presente precioso de Deus, para ser recebido com gratidão e desfrutado livremente de forma saudável dentro da relação intima no casamento (gênesis 2.24; Provérbios 5.15-19; Cânticos 2.16; Cânticos 4.16-5.1; 1 Coríntios 6.19). A atitude positiva da Escritura sobre a sexualidade humana é confirmada pelo uso da linguagem de intimidade de um casal para descrever a relação de Deus com o Seu povo (Isaías 54.5; Isaías 62.4-5; Jeremias 3.14; Ezequiel 16.8; Oseas 2.19-20; Apocalipse 19.6-9).

No casamento, Deus planejou que um homem e uma mulher se uniriam juntos para viver na perfeita promessa da aliança (Gênesis 2.24-25; Cânticos 2.16; Malaquias 2.13; Mateus 19.4-6). Esta relação de casamento é descrita como uma só carne (Gênesis 2.24; Mateus 19.5) e presume uma união sexual (1 Coríntios 7.1-6). As Escrituras afirmam o prazer sexual entre marido e mulher. Deus preparou para a relação sexual ser uma ligação entre o marido e a mulher, como dão companheirismo, apoio emocional, plenitude espiritual, alegria e prazer sexual (Gênesis 2.24, 25; Provérbios 5.15-19; Eclesiastes 9.9; Cânticos 4.16-5.1; Efésios 5.21-33). O casamento não somente dará fruto de procriação (gênesis 1.28, 4.1), também prove uma relação segura e conforto para o cuidado e educação ideal para as crianças (Efésios 6.4).

Sexualidade e Criação 

A Bíblica começa apresentando uma clara posição sobre a sexualidade humana no livro de Gênesis. A Criação construí o fundamento das doutrinas fundamentais da fé Cristã. O próprio Jesus estabeleceu os seus ensinos sobre matrimonio e divorcio baseando-se em Gênesis 2, citando o evento da Criação tendo tanto autoridade e obrigatório (Mateus 19:4-6; Marcos 10:6-9). São Paulo apresenta um pensamento semelhante onde exorta os cristãos sobre o casamento usando a mesma linguagem de Gênesis 2:24 (veja Efésios 5:31).

Se compreendemos que Deus criou homem e mulher para complementar-se (gênesis 2.18, 20-22), então sentiremos um grau de liberdade e esperança nunca anteriormente vivido. No Éden, eles compartilharam igualmente a benção e imagem de Deus. Juntos, eles tinham recebido a responsabilidade de dominar e cuidar a Terra, e se multiplicar (Gênesis 1.26-28). Com a criação dos sexos, cada um deles chegou a ser conhecer melhor e compreender o outro (Gênesis 2.23). Foram criados com um desejo e anseio intrínseco um pelo outro, em todas às áreas: fisicamente, sexualmente, emocionalmente, psicologicamente e espiritualmente (Gênesis 2.23-25; Provérbios 5.18-19; Cânticos 2.16-17; Cânticos 4:9). O próprio Adão expressou essa união e comunhão entre o homem e a mulher quando diz, “esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne” (Gênesis 2:23). Eles compreenderam que eram companheiros, homólogos, pessoas capazes de encontrar as necessidades um do outro. Cada um viu o outro como parte dele, iguais mas diferentes, alguém para amar que que amaria de volta (Gênesis 2.18-23)

Em Gênesis 1-2, a sexualidade é apresentada dentro do contexto geral da intenção original de Deus para a humanidade, sendo o ser humano o objetivo do Criador. Temos sido criados homens e mulheres. Aprendemos assim que as distinções de gênero são parte da ordem criada, não somente um desenvolvimento cultural condicionado pela sociedade. O gênero traz um importante componente do que significa ser humano.

As distinções de gênero se fazem essenciais para o cumprimento do propósito de Deus para a humanidade. Se consideramos o propósito inicial da Criação no plano de Deus, então se faz necessário os dois gêneros, homem e mulher. Em Gênesis 1.28, está escrito que “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”. Obediência ao mandato divino seria impossível se Deus não houvesse criado e abençoado as diferenças de gênero na Criação.

O gênero nos permite a maravilhosa vivencia de seres humanos semelhante e, ao mesmo tempo, diferentes que faz da intimidade sexual e a procriação possível. De fato, essa intimidade sexual e procriação, nos ajuda a compreender o amor de Deus de forma profunda, porque Deus é amor na Divindade da Trindade. A Trindade é uma comunidade de amor entre as Três Pessoas, Deus decidiu compartilhar esse amor com a Criação, especialmente com a humanidade. Ele nos criou e nos permitiu ter a capacidade criadora e reprodutora a partir da intimidade sexual entre um homem e uma mulher. Por esta razão, gênero e sexo são ambos dons divinos, parte da única criação de Deus que fui anunciada sendo “muito boa” (Gênesis 1.31). Ainda que vivemos em um tempo onde existe muita confusão sobre a sexualidade e tem sido motivo de muitos conflitos sociais e politicagem nos dias atuais, causando inumeráveis problemas de identidade e libertinagem sexual, Deus não tinha em mente ser desse jeito. O ser humano é capaz de converter as coisas maravilhosas de Deus em uma verdadeira fabrica de horrores pelo único motivo de satisfazer seus próprios desejos e egoísmos.

Sexualidade é uma benção de Deus, nunca esqueçamos disso. Deus criou os seres humanos para ter intimidade, não somente espiritual e intima comunhão com Seu criador, também para ser vivida plenamente e maravilhosamente na intimidade do matrimonio. Em Gênesis 2.24, está escrito que “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Esta mesma verdade é refletida nos textos sagrados do Novo Testamento, vejam Mateus 19.4-6 e Efésios 5.31.

A intimidade sexual encontra seu significado mais profundo na relação entre o marido e a esposa caraterizada pelo amor, proximidade, mutualidade e compromisso. No desenho de Deus, a relação sexual é de pleno respeito, desejo mutuo e consentimento e satisfação amorosa das necessidades de um com o outro (Provérbios 5.15- 23; Cânticos 2.16-17; 4.16-5.1; 7.8-10; Malaquias 2.15; 1 Coríntios 7.3-5).

A história da Criação coloca os alicerces para uma teologia compreensiva e consistente da sexualidade que será desenvolvida através das Escrituras Sagradas. Se tivéssemos que resumir a compreensão bíblica em poucas palavras, seria assim: a sexualidade humana é um dom de Deus, pelo qual os seres humanos, criados homem e mulher, podem experimentar dentro do matrimonio a união profunda, intima e maravilhosa de ser um só corpo místico, sendo tal união física, intelectual, emocional e espiritual, e cumpre o mandato divino de crescer e multipliquem-se (Gênesis 1.28).

No contexto dos seus compromissos a Cristo e um ao outro, os casais fazes decisões juntos sobre sua vida sexual. Os princípios bíblicos de submissão mutua (Efésios 5.21) e cuidadosa consideração para os desejos e necessidade do outro (Filipenses 2.4) ajuda ao casal alcançar uma decisão que seja satisfatória tanto para o marido e a esposa. Qualquer prática que causei dano algum, ou possa causar, já seja físico, emocional ou espiritual da saúde ou ser de um deles ou de ambos, é contrario as Escrituras visão do valor da pessoa e seu cuidado com o corpo e a pessoa como a criação de Deus (Gênesis 2.25; Salmo 63.1; 139.13-16; 1 Coríntios 3.16-17).

Deus diz, “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele” (Gênesis 2.18). Não tem como negar a importância e centralidade que tem o dom do casamento nas Escrituras Sagradas (Gênesis 2.18; 2.24; Provérbios 18.22; 19.14, 1 Coríntios 7.2; Hebreus 13.4), entretanto também celebra o dom e benção do celibato (Mateus 19.10-12; 1 Coríntios 7.25-38), tanto esquecido nos dias atuais e, inclusive, visto como uma maldição quando Deus declara ser um dom e benção na vida daqueles chamados a viver, como celibatários. Ambos estados são bênçãos divinas, e proveem um contexto para o crescimento e desenvolvimento das pessoas. Ainda que a história da criação estabeleça o casamento, como a primeira resposta a solidão (Gênesis 2.24), porém a nova criação encontra comunidade e união através da conexão com Deus e os outros cristãos na mutua relação em Cristo (Romanos 14.7). Todas as pessoas foram criadas para viver em comunidade, onde pessoas sejam aceitam e cresçam juntos ainda com suas diferenças, unidos na perfeita comunhão com Cristo (Romanos 12.4-5; 1 Coríntios 12.12-13; Gálatas 3.28; Efésios 2.14-22; 4.1-6). Isto se vê perfeitamente na celebração do sacramento da Santa Comunhão quando o ministro diz, “ainda que somos muitos, todos participamos de um mesmo pão”. O mistério da unidade em Cristo é feito realidade ao partilhar o pão. Por isso, ainda que por escolha ou circunstancias, algumas pessoas sejam solteiras, não viver em plenitude como indivíduos e pessoas, conectadas com outros através da família e amigos, e trazer a glória a Deus, como homens e mulheres celibatários (Mateus 19.12; 1 Coríntios 7.7-8).

A queda e seu impacto na sexualidade humana

Temos visto como a ordem criada por Deus era boa (Gênesis 1.31), e cumpria o propósito inicial para a humanidade, homem e mulher. Infelizmente, a queda mudou todas as coisas. Troce conflito causado pela desobediência e, assim, acabou levando a perda de intimidade entre Deus e Sua Criação, especialmente com o ser humano. A comunhão verdadeira e plena a qual o homem e a mulher tinham sido convidados a participar e desfrutar com Deus, se perdeu em um instante. Porém, se isto não houvesse sido suficiente, também abalo nas profundezas da relação entre o homem e a mulher, criando desconfiança, onde anteriormente tinha existido intimidade. A intimidade que Deus preparou para ser vivida e desfrutada dentro do casamento, incluindo sua dimensão sexual, agora tinha sido perdida além do que somos capazes de perceber nos dias de hoje. Em outras palavras, a queda causou que nossa sexualidade esteja fragmentada. A queda não deixou nenhuma área da nossa humanidade, experiência ou natureza, sem ser afeitada e corrompida pela causa da rebelião, desobediência e pecado. A queda foi tal que se faz difícil imaginar o mundo antes da queda, e aceitamos a condição atual como se fosse a intenção original de Deus, em vez de perceber que vivemos uma realidade longe do proposito de Deus para a humanidade.

Se chegamos a compreender esta realidade presente, não deveria nos surpreender ao estudar a história da humanidade, o nível de desordem sexual que o ser humano tem sido capaz de se envolver através dos tempos. A humanidade tem abandonado o proposito original de Deus, inclusive resistindo ao mesmo e tentando criar argumento para mostrar a ilógica da sexualidade como entendida por Deus. O desenho original de Deus para ser vivido o sexo tem sido rejeitado das maneiras mais diversas que seja possível imaginar pelo ser humano. Entretanto, Deus continua nos mostrando que o desenho original para uma vida sexual satisfeita é para ser desenvolvida e vivida prazenteiramente dentro do contexto do casamento entre um homem e uma mulher. Outros modelos, tão presentes na nossa sociedade, são fruto do tempo e cultura em que vivemos, já seja sexo antes do casamento, coabitação antes do casamento, adultério, pornografia, e outras formas de abuso sexual que acabam causando tanto dor emocional e desconfiança crescente entre os sexos.

A igreja não é imune a sofrer estas situações; de fato, a família de Deus se enfrenta a esta realidade cada dia mais presente. Já seja porque os cristãos acabem pecando e esquecendo os ensinos de Deus, ou devido a que chegam novas pessoas com uma grande bagagem e precisam aprender e ser restauradas suas vidas, com amor, fé e esperança. Infelizmente, não são poucas as ocasiões, onde lemos notícias de ministros e líderes sucumbindo a imoralidade sexual. Nem sei o que se pode dizer diante de tal feito, porque abuso sexual perpetrado pelos membros do clero é sem nenhuma dúvida um dos sinais mais claros da profundeza e perversidade do pecado humano.

A sexualidade desordenada não é um problema da era moderna. Seria um erro pensar que isto somente está acontecendo nos dias atuais. Através dos séculos, temos visto a permissibilidade sexual sendo expressada e vivida de diversos modos, ainda quando algumas sociedades têm sido seguidas os padrões bíblicos do desenho de Deus para a sexualidade humana. Inclusive, tal iniquidade sexual nos é mostrada nas próprias palavras das Escrituras. A Bíblia não esconde o pecado para fazer a história mais adorável, pelo contrario os textos sagrados nos mostram a realidade e os conflitos humanos frutos da queda. Isto não deve ser compreendido como permissão bíblica para tais comportamentos, já que muitos textos bíblicos claramente proíbem algumas praticas sexuais (Êxodo 20.14; 22.19; Levíticos 18; 20.10-21; Deuteronômio 22.13-30; 23.17-18; Mateus 5.27-30; Marcos 7.21-23; João 7.53-8.11; Atos 15.19-20; Romanos 13.13; 1 Coríntios 5.11; 6.13, 18; 10.8; 2 Coríntios 12.21; Gálatas 5.19; Efésios 5.3; Colossenses 3.5-6; 1 Tessalonicenses 4.3-5; Apocalipse 2.20). Deus também toma tempo para ter a certeza de que sejamos conhecedores das consequências existentes por causa da desordem sexual. Por isso, seria recomendável tomar tempo para conhecer os mesmos, já que a Bíblia nos apresenta em inumeráveis casos as consequências do pecado sexual (Gênesis 19;1-38; Números 25; 2 Samuel 11-13; 1 Reis 11; Provérbios 2.16-19; 6.30-35).

Desde quase o inicio da historia da humanidade, encontramos como a humanidade tem usado de forma equivocada aquilo que Deus criou para nosso prazer e plenitude. O dom de Deus que fui criado para nosso bem, segue sendo usado de tal modo que acaba sendo para nosso próprio detrimento. Não existe forma mais clara de perceber que através dos ilustres heróis do Antigo Testamento, como Abraão, Isaac, Jacob, Davi e Salomão; todos eles praticavam a poligamia, ainda quando Deus claramente mostrou o plano original para o matrimonio entre uma mulher e um homem. Davi fui um adultero. A espiritualidade bíblica tem sido ameaçada com destruição pelo desejo sexual pervertido em forma.

Temos de mudar o pensamento de pensar que a confusão e caos sexual contemporâneo é único, e nunca antes visto na história da humanidade. Eles são evidencias da condição humana depois da queda. Sendo assim, são o resultado lógico da própria natureza humana. O estado contemporâneo da compreensão sobre a sexualidade afeta tanto os crentes como os ateus. Sendo um problema que requer a atenção e reflexão madura e responsável para compreender as raízes. Não é somente um problema para os homens, também é para as mulheres, para casados e solteiros. Inclui os heterossexuais e aqueles que sentem uma atração para o outro sexo. É, claramente, um problema que afeita de forma universal a toda a humanidade.

Mas, na atualidade, nos encontramos em uma rotatória cultural. Dois expressões particular de sexualidade têm vido a ocupar a atenção central nos debates contemporâneos sobre sexualidade humana, homossexualidade e transexualidade. Contudo não deveríamos nos surpreender se outras questões rapidamente surgem nos próximos anos e décadas as quais hoje são inimagináveis. Homossexualismo e transexualidade tem estado sempre presente como uma condição da queda humana, mas o clamor crescente entre certos círculos políticos e sociais para sua aceitação como uma escolha apropriada moralmente e um estilo de vida válido é sem precedente. Cabe assim, a Santa Igreja Católica (toda a Igreja de Cristo) pensar sobre tais comportamentos sexuais, e aquelas pessoas que enfrentam tais situações, da forma mais madura possível, nos aprofundando de forma bíblica e compassiva, como seja possível, com o desejo de dar respostas claras que auxiliem e advertem a sociedade do que representa abarcar tais pecados sexuais, como estilo de vida aceitáveis e promovendo os mesmos, como alternativas válidas ao desenho original de Deus e o propósito divino para a sexualidade humana.

Homossexualidade

A homossexualidade tem sido um tópico controvertido nos últimos anos. Ainda que tem sido promovido de forma social e politica desde a 1960s. O ímpeto do gayzismo tem sido tal na última década que, possivelmente, tenha surpreendido ao povo de Deus despreparado. Os argumentos bíblicos usados em outros momentos históricos, os quais eram aceitos, hoje em dia parece acabar caindo e rejeitado pela sociedade contemporânea. Isto é devido a que está sendo promovido das formas mais diversas através de movimentos sociais, figuras públicas, filmes e séries, jornais e documentários, e inclusive sendo expressado publicamente. Ao mesmo tempo, se caracteriza aqueles que pensam de forma diferente, como preconceituoso, homofóbico ou ainda pior. Ninguém gosta de ser chamado de homofóbico ou ser considerado uma pessoa preconceituosa, portanto muitos têm acabado por manter em silêncio. Enquanto outros que têm tentado levantar a bandeira advertindo os perigos desta questão, tem feito do jeito menos idôneo, já seja pelas suas palavras torpes, comportamentos agressivos ou incapacidade de desenvolver um pensamento lógico compreensível.

No debate contemporâneo sobre a homossexualidade, se encontra escondido algumas questões de grande importância, entre elas a natureza da sexualidade humana e a autoridade das Escrituras Sagradas. Por esta razão, se faz necessário pensar profundamente sobre esta questão e falar claramente sobre este tema com simplicidade, clareza e compaixão. Não deve ser esquecido que os cristãos estamos chamados a falar a verdade em amor (Efésios 4.15), mandamento este constantemente esquecido pelos crentes sobre a escusa de falar a verdade. A Bíblia nos ensina que é possível, ideal, falar a verdade com amor. De fato, ambos não devem ser separados. Requer, portanto, a extraordinário capacidade de navegar cuidadosamente pelo espaço diminuto entre os dois erros. Maturidade é obrigatória.

Por um lado, não devemos aceitar o crescente consenso cultural sobre a homossexualidade. Ainda quando mais pessoas cada dia aceitam o comportamento homossexual, como uma escolha pessoal válida, exceta de qualquer forma de censura moral. Inclusive, observamos em um número crescente de países onde o casamento do mesmo sexo é aceito como legal e aceitável socialmente. As objeções sobre a prática homossexual, ainda quando compassivas e amorosas, são caracterizadas como atos de ódios contra a dignidade da pessoa e acusados de ser homofóbicos. Diante de tal contexto social e cultural, não tem como simplesmente mudar ou ajustar nossa teologia para aceitar as mudanças morais que estão acontecendo. Não devemos mudar a “sabedoria” convencional pela verdade da Palavra de Deus.

Por outro lado, não devemos responder de forma acaroada. Se faz necessário manter a mente fria e o coração esquecido. Não podemos apontar a homossexualidade como se fosse o único ponto o qual é digno da nossa denuncia e rejeição divina. As Escrituras claramente ensinam que Deus rejeita o comportamento homossexual (Gênesis 19.1-22; Juízes 19.1-21; Levíticos 18.22; Romanos 1.24-28; 1 Coríntios 6.9-10; 1 Timóteo 1.10), mas também rejeita igualmente a imoralidade heterossexual, como tenho mostrado anteriormente. Imoralidade sexual de todas as formas contradisse o ensino bíblico claro, destorcendo o dom divino da sexualidade, e será julgado sobre a justiça de um Deus santo. As Escrituras nos advertem, “...” (1 Coríntios 6.18)., em qualquer que seja a forma que tal imoralidade possa apresentar-se.

Quando consideramos a totalidade deste debate, não devemos esquecer que, ainda quando estamos debatendo a pratica homossexual, também nos encontramos debatendo a própria orientação sexual. Alguns veem a orientação sexual, como uma questão de determinismo biológico. Se afirma que as pessoas são levadas a atração sexual pelo mesmo sexo devido a genética. Outros pensam que é condicionado pelas experiências sexuais iniciais. Ainda assim outros pensam que a atração pelo mesmo sexo é puramente uma decisão pessoal.

Neste ponto, os cristãos, que desejam aprofundar nesta questão, tenham mais questões que respostas. Não à toa, a sexualidade humana é um fenômeno complexo com aspectos biológicos, psicológicos, emocionais e espirituais envolvidos de forma intrinca. Não ter todas as respostas no inicio da própria reflexão, não nos deve preocupar, porque as perguntas sempre surgem primeiro das respostas. Melhor tomar tempo para achar respostas verdadeiras que dar respostas fácil as quais não responderam as próprias perguntas.

Uma verdade é intrínseca. O ser humano vive em um mundo caído o qual está longe de ser aquilo que fui criado a ser. Desastres, enfermidades, morte não formam parte do desejo original de Deus; de fato, é oposto do bom e perfeito plano de Deus. São peças e partes de um quebra-cabeça que forma a queda e seu impacto na criação. São Paulo escreveu assim que a criação estava “...” (Romanos 8.21). A criação se encontra desordenada, fruto da queda, e não devemos nos surpreender que os desejos humanos têm sido impactados de tal modo que, também, são confusos pelos próprios desejos sexuais. A tristeza se encontra em perceber que estes desejos sexuais que forma dados por Deus para trazer prazer, plenitude e união através da intimidade sexual nos cônjuges, tem se convertido em uma força usada para satisfazer os próprios desejos sexuais. Por toda esta razão, não deveríamos nos surpreender que existem pessoas que se sentem atraídas por pessoas do mesmo sexo. Isto é coerente com um mundo caído e o pecado existente em nos. A criação está corrompida pela queda, esperando ser restaurada e recriada. Ainda esperamos a plenitude do tempo para que Jesus faça todas as coisas nova (Apocalipse 21:5).

Muito tempo tem se dedicado para tentar explicar os origens da atração que algumas pessoas sentem por pessoas do mesmo sexo, nos perdendo em incontáveis debates, enquanto deveríamos de focar na questão de que qualquer que seja os origens da homossexualidade, estes não podem ser uma escusa usada para não obedecer os padrões que Deus demanda de nos e, também, nos ajuda a obedecer os Seus mandamentos da lei de Deus. A Bíblia claramente proíbe o sexo fora dos laços do casamento e matrimonio heterossexual. Ainda quando as pessoas possam questionar de que a Bíblia tem pouco a dizer sobre a orientação sexual, isto não nega o ensino claro sobre a sexualidade humana e o desenho original de Deus para que as pessoas pudessem desfrutar a sexualidade de forma intima e plena. A Bíblia fala claramente contra a imoralidade sexual e proíbe qualquer outra relação sexual fora da aliança sacramental entre um homem e uma mulher no casamento. A atração sexual não é realmente a questão, como se intenta mostrar e defender; o comportamento sexual é, como também a obediência aos ensinos de Jesus e a Palavra de Deus.

Transgenderismo

Deus criou dos sexos distintos e complementários (Gênesis 1.27; Mateus 19.4), porém um dos efeitos da queda é que algumas pessoas experimentam uma total confusão de gênero. Eles não aceitam que o seu gênero físico seja o mesmo que o gênero biológico. Isto difere da outra condição rara de intersexualismo ou hermafrodismo, condições em que o sexo da pessoa é biologicamente ambíguo, e a pessoa posse tanto os aspectos sexuais primeiros do homem e da mulher. No caso do transgenderismo, o sexo do individuo é biologicamente clara, mas psicologicamente não. É uma questão que não deve ser considerada fisiológica, mas de percepção de se mesmo.
A sociedade tenta normalizar uma situação complexa de crise de identidade, usando várias técnicas, incluindo terapia hormonal e cirurgia de mudança de sexo. O movimento gaysista tenta normalizar o transgenderismo na cultura contemporânea e na sociedade atual, insistindo através de propaganda, a média e, inclusive, a política que os indivíduos têm o direito de definir seu gênero de acordo ao sua própria percepção, em vez de acordo ao seu estado biológico. Ainda mais, estamos vendo nas escolas e faculdades uma pressão social e educativa para que os pais e professores aceitem como válido o uso neutro de gênero.

Esta questão entra em conflito direto com a Criação. Já seja definido pela própria compreensão da identidade de gênero ou determinado por causa de percepção da pessoa, a Palavra de Deus é clara sobre esta questão. Deus criou “homem e mulher” (Gênesis 1.27). Esta ordem, e a participação de cada pessoa, deve ser valorado e afirmado pelas sociedades e nações. Gênero é um componente importante da personalidade humana e não deveria ser simplesmente desconsiderado por causa do profundo sofrimento das pessoas que enfrentam tal crise de identidade.

É verdade que o papel dos gêneros muda de cultura a cultura, de povo a povo, porém a compreensão local e a expressão social não mudam a realidade do gênero. A compreensão histórica de gênero compreendida na Criação, supera a barreiras de tempo, cultura e povos. Não posso deixar de mencionar neste ponto que gênero realmente abraça mais que a questão biologia, no entanto não deve ser determinada fora da própria biologia. Temos que ser compassivos diante da realidade da queda. O fato simples é que os resultados da queda são mais profundos dos que nunca tenhamos percebido anteriormente. Assim, tem sido introduzido anomálias como intersexualidade na experiência humana. É trágico o sofrimento das pessoas causado pela confusão de identidade de gênero. Por isso, temos que olhar com compaixão, esperando a libertação da criação da atual situação pela redenção dos nossos corpos (Romanos 8.23). Entretanto, os cristãos devemos mostrar amor e compaixão com aqueles que sofrem com confusão e crise de identidade de gênero e convidar a todos abraçar a mensagem de redenção em Cristo e compartilhar a esperança da plenitude alcançada pelo evangelho.

Se não podemos desculpar as ações daqueles que buscam mudanças através de tratamentos hormonais ou cirurgia de mudança de sexo, contudo compreendemos a luta que enfrentam e o profundo conflito que leva eles a fazer isso. A consequência do pecado continua causando que muitas pessoas acabam escolhendo o caminho mais fácil, em vez de seguir o caminho do Senhor. Contudo temos que estar prontos para acolher aqueles que, em meio das lutas e conflitos de identidade de gênero, desejam ser fiéis a Cristo e obedecer a ordem da Criação com a esperança futura. Fazendo isto, seguiremos o caminho superior ensinando por Jesus que diz, “Não esmagara a cana quebrada, e não pagara o pavio que fumega, até que faça triunfar a justiça” (Mateus 12.20, veja também Isaías 42.3).

Não sejamos rápidos em condenar somente, sem mostrar misericórdia aqueles que procuram seguir o Caminho do Senhor, ainda enfrentamos profundas crises de identidade e conflitos emocionais intensos. Se não devemos abrir mão da verdade e abraçar a ordem da criação, também se faz necessário perceber que o amor e compaixão não estão em oposição a verdade. Os cristãos somos chamados a amar a Deus e, também, o nosso próximo. Esta tensão nos desafia a crescer na graça e amadurecer na fé. Afirmemos o valor de toda pessoa, porque Ele tem a imagem de Deus, ainda que distorcida pela queda. E, ao mesmo tempo, sejamos o evangelho encarnado que proclama as boas novas de Cristo e convida as pessoas a confessar a Jesus Cristo, como senhor e Salvador. Isto não significa, nem nunca deverá significar, que aceitamos ou animamos mudanças de gênero em ordem de que as pessoas adoptem sua percepção de identidade. Mas é um chamado a ser discípulos de Cristo, não abrindo mão da verdade e mostrando caridade.

Redenção restaura a sexualidade (Presente e Futuro)

A sexualidade permanece um problema profundo e presente na sociedade contemporânea, mas Deus tem antecipado a resposta e solução através da redenção prevista no evangelho de Jesus Cristo. Deus nos criou para plenitude, como homem e mulher, incluindo a plenitude sexual. Esta perfeição pode ser restaurada pela graça de Deus, ainda quando tem sido distorcida tragicamente pelo pecado. Nossa sexualidade caída pode ser redimida em Cristo.

Podemos ser redimidos da pena do pecado. Jesus levou todos nossos pecados na Cruz. Cristo morreu por aqueles com atrações pelo mesmo sexo e aqueles que sofrem com confusão de gênero, como também tem morto por aqueles que suas vidas sexuais estão caídas de outras formas (Romanos 3:23). Não há pecado, sexual ou outro, que não possa ser perdoado por Deus para aqueles que se arrependem e confessam (e confiam) em Jesus (1 Coríntios 6:9-11). Quando estamos em Cristo, a pena do pecado é cancelada. Nossa verdadeira identidade se encontra em Cristo, não nas atrações sexuais.

Agora também podemos ser redimidos do poder do pecado. Como resultado do pecado, a sexualidade tem sido desvalorizada e, em muitos casos, separada de intimidade, amor e relação saudável. As demandas morais de Deus são impossíveis de obedecer com nossas próprias forças. Jesus destruí o poder do pecado e cancelou nossa pena pela sua morte na cruz. Com a ajuda do Espírito Santo, a graça de deus nos capacita para seguir a Jesus vivendo vidas puras e santas. Isto não deve ser considerado como que a graça elimina imediatamente o desejo pelo sexo e as tentações sexuais. Não devemos pensar que Deus necessariamente eliminará todas as atrações que a pessoa sente pelo mesmo sexo ou a confusão de identidade de gênero. Deus tem proibido claramente o adultério e, todavia, as Escrituras e o pecado nos mostram que os cristãos ainda lutam com os desejos de adultério. A tentação ao pecado permanece um conflito da vida cristã. Se a tentação pode ser inevitável, sucumbir a tentação não é (1 Coríntios 10.13). Deus nos prove com liberdade depois da salvação para vencer o pecado (Romanos 6.6). Como discípulos de Cristo, em ordem para viver tal liberdade, devemos continuar resistindo os dardos lançados contra nossa natureza pecaminosa (Gálatas 5.17; Colossenses 3.5). Somos capazes de resistir o poder do pecado, sexual ou outro, como caminhamos no Espírito que nos sustenta pela força de Deus (Gálatas 5.16; Filipenses 4.13).

A sexualidade é tão poderosa para nos sentires conectados a outros, forma parte intrínseca da natureza humana, portanto quando é prejudicada, degradada, abusada, mal-usada, ou falsificada, as repercussões terão um impacto enorme sobre as pessoas e suas relações. As Escrituras nos advertem fortemente sobre isso. Os cristãos temos que ser exemplos, sendo os primeiros em fugir da imoralidade sexual e, pela graça de Deus, busca a plena restauração do desenho original de Deus para a sexualidade. Enquanto condenamos o pecado, como nossa incapacidade de refletir a norma dada por Deus para a sexualidade, a Escritura demostra a prontidão de Jesus para perdão aqueles que se arrependem dos pecados sexuais. O amor e poder renovador de Deus nos permite viver uma vida transformada do quebrantamento sexual para ser curados, feitos plenos e receber paz (Lucas 7.36-50; João 4.4-28; 8.1-11).

Em Cristo, seremos finalmente redimidos da presença do pecado. Enquanto isto aconteça, pela graça de Deus, vencemos progressivamente o poder do peado durante esta vida, tendo presente que não obteremos perfeição até os nossos corpos sejam plenamente redimidos e glorificados (Romanos 8.23). Nesse dia, seremos plenamente livres do pecado no novo céu e a nova terra (Apocalipse 21.1-5). Ainda que as distinções de gênero permaneçam para a eternidade, continuaremos sendo homem e mulher, a expressão sexual fui designada por Deus somente para a ordem criada atual onde serve como um símbolo da intimidade espiritual entre Jesus e Sua noiva, a Igreja (Efésios 5.31-32). Uma vez Jesus esteja plenamente unido com Sua noiva, casamento e vida sexual, como a conhecemos, será substituída com o prazer maior e a intimidade perfeita da nova criação (Mateus 22.23-33).
Afirmações Centrais sobre Sexualidade Humana

Em conformidade com as Escrituras e com a ortodoxia cristã através dos séculos, afirmamos as seguintes verdades:

1. Afirmamos que Deus deseja que as relações sexuais aconteçam dentro do Santo Matrimonio, uma aliança sagrada, entre um homem e uma mulher.
2. Afirmamos que o sexo é um dom divino, dado para selar a aliança matrimonial, e almejado tanto para o prazer (Provérbios 5:18-19) quanto para a procriação (Gênesis 1:28).
3. Afirmamos que o sexo faz parte da ordem da criação, serve como símbolo da gloriosa intimidade espiritual pela qual somos recriados na nova criação (Mateus 22:23-33).
4. Afirmamos que Deus pretende que o casamento entre um homem e uma mulher age como um sinal e símbolo vivo da relação entre Jesus e sua noiva, a Igreja (Efésios 5: 31-32).
5. Afirmamos que Deus declara que todas as relações sexuais fora dos limites do casamento, sejam eles pré-conjugais ou extramaritais, sejam heterossexuais ou homossexuais, são contraria a vontade de Deus e devem ser consideradas como pecado.
6. Afirmamos que a desordem sexual é um problema humano universal e que todo pecado sexual está sob o juízo de Deus.
7. Afirmamos que Deus chama e capacita todos os cristãos para viver em santidade sexual e pureza moral, qualquer que seja a natureza de sua atração sexual.
8. Afirmamos que a homossexualidade é contrária ao desenho original de Deus para a prosperidade humana e que o comportamento homossexual é claramente proibido nas Escrituras.
9. Afirmamos que o casamento homossexual, apesar de ser legalmente aprovado pelo Estado, permanece proibido por Deus e, portanto, pela verdadeira Santa Igreja Católica de Cristo.
10. Afirmamos que o gênero é um dom divino, essencial para nossa humanidade e identidade pessoal.
11. Afirmamos que o desenho original de Deus foi criar homem e mulher, distintos e complementares, masculino e feminino, uma distinção evidente na imagem fisiológica do ser humano.
12. Afirmamos que a identidade de gênero é determinada biologicamente (fisiologicamente) em vez da própria percepção.
13. Afirmamos que o pecado sexual - em qualquer forma que se manifesta - não pode afastar a imagem de Deus. Todos os seres humanos - seja qual for a natureza precisa de seu pecado - permanecem dignos de nossa compaixão e respeito, assim como eles permanecem objeto da misericórdia de Deus (Romanos 5:8).
14. Afirmamos que Deus nos chama a amar os pecadores, mesmo quando nos entristecemos pelo seu pecado.
15. Afirmamos que todos pecaram (Rom. 3:23) e precisam da graça redentora e restauradora de Deus.
16. Afirmamos a nossa confiança no poder salvador do evangelho (Romanos 1:16) e a vida transformadora do poder do Espírito Santo (2 Coríntios 3:18). Deus pretende que a graça, em vez do pecado, tenha a última palavra na vida de seus filhos. "Graças a Deus, que nos dá a vitória através do nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Cor. 15:57).




Bispo Josep M. Rossello Ferrer
Pindamonhangaba, 12 de fevereiro de 2018.

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