Crescendo na Graça - As Doutrinas Essenciais




Se houvesse um dos artigos de fé que resume toda a fé Cristã, sem dúvida alguma seria o artigo de fé de hoje. A importância é tal que ficou sem palavras diante do grande desconhecimento que existe entre os cristãos sobre esta questão. As doutrinas essenciais da fé Cristã são confundidas com outras doutrinas fundamentais, porém se faz necessário esclarecer para trazer luz onde tem prevalecido tanta escuridão. Por isso, os 39 Artigos da Religião declaram e afirmam as doutrinas essenciais dos Credos Gerais da Santa Igreja de Cristo, proclamando assim a catolicidade da fé Cristã.

ARTIGO VIII - DOS TRÊS CREDOS
Os três credos a saber: os Credos Niceno, Atanásio e o que normalmente se chama Credo dos Apóstolos, devem ser inteiramente recebidos e cridos; porque se podem provar com autoridades inegáveis das Sagradas Escrituras.

Os 39 Artigos da Religião têm sido dividido em três partes: as doutrinas católicas, as doutrinas protestantes reformadas e as doutrinas estritamente anglicanas. Com o Artigo VIII, finaliza a seção das doutrinas católicas, no sentido das doutrinas próprias da fé Cristã que todo cristão deve crer e receber para ser um verdadeiro discípulo de Cristo. O fato do último artigo desta seção dedicada aquelas doutrinas universais estejam dedicadas aos Credos Gerais, mostra a maestria do Arcebispo Cranmer, porque é nos Credos que encontramos o sumário da fé Cristã.

Durante a Reforma Protestante, as igrejas aceitaram estes credos, e fizeram questão de afirmar os mesmos nas suas confissões de fé e artigos da religião. Os Reformadores se entendiam sendo os verdadeiros Católicos e continuadores da fé Cristã, em oposição a Igreja de Roma que tinha se desviado e afastado da verdadeira fé. Ainda quando a Igreja de Roma e as Igrejas protestantes afirmavam os mesmos credos, existia divergências fundamentais na compreensão dos próprios Credos Gerais.

Seja como foi, o simples fato é que não existe como ser cristão sem crer e receber os mesmos. Nos últimos tempos, temos visto diferente modelos para que uma pessoa pudesse fazer uma confissão publica da sua fé, porém não existe nenhuma profissão melhor que pronunciar publicamente em voz alta os Credos, compreendendo o significado dos mesmos.

Infelizmente, o espaço deste texto não permite esclarecer os ensinos e doutrinas essências dos Credos, como o autor gostaria, no entanto poderá encontrar livros e referência que ajudaram ao leitor a conhecer melhor estes Credos e os ensinos dos mesmos. Não deixe passar a oportunidade para conhecer melhor a fé Cristã, como tem sido expressada desde os primeiros séculos da Igreja de Cristo

O CREDO DOS APÓSTOLOS

Existe uma lenda de que o Credo dos Apóstolos teria sido escrito na noite de Pentecostes. Na verdade, não há nenhuma razão para acreditar tal coisa. É verdade que, nos primeiros séculos, surgem sumários de fé que dariam origem com o tempo ao que hoje conhecemos como o Credo dos Apóstolos. Na forma atual, aparece nos escritos de Priminus, fundador de um mosteiro no século 8. Este Credo ganhou muita popularidade durante o reinado do imperador Carlos Magno. Possivelmente, foi uma versão abreviada do Credo Romano, contudo não existe certeza disso.

O Credo dos Apóstolos é mais usado no Culto Cristão das Igrejas de Ocidente. No Livro de Oração Comum (LOC), se usa no Batismo e na Oração Matutina e Vespertina, com a exceção dos treze dias do ano que se usa o Credo de Atanásio.

O Credos dos Apóstolos pode ser dividido em três partes, e doze doutrinas essências. Por motivos de espaço, estarei somente apresentando as três seções principais deste Credo:

Criação - Creio em Deus, Pai Todo Poderoso, criador dos céus e da terra

Esta seção declara com plena confiança que Deus nos fez e fez todas a Criação. Ele nos deu o corpo e alma, olhos e todos os membros do corpo, como também a capacidade pensar, os sentidos e a razão, e continua cuidado de nós. Todo o que temos, Ele é quem tem dado; e não faz que nada nos falte do que realmente precisamos. Ele nos defende de todo perigo e nos guarda e protege de toda maldade. Todo isto Deus faz por causa de ser o Pai do Céu, por causa da sua misericórdia e bondade divina, sem que existe nenhum mérito ou bondade da nossa parte. Por esta razão, é nossa alegria e dever dar graças e louvar ao Senhor, servindo e obedecendo a Palavra de Deus.

Redenção - E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo. Nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressuscitou ao terceiro dia; subiu ao céu, e está sentado à mão direita de Deus Pai Todo Poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

Na segunda seção, se declara que as verdades relacionadas ao nosso Senhor, Jesus Cristo. Ele é nosso Salvador, porque nos tem redimido quando estávamos perdidos e condenados. Temos sido comprados e Ele venceu o pecado e a morte, sendo assim não somos mais prisioneiros do pecado, nem a morte, tampouco a maldade tem poder sobre nós. Isto foi possível pelo precioso sangue de Cristo. O Cordeiro de Deus, inocente e santo, que sofreu e morreu, para que pudéssemos ser de Deus e viver no Seu Reino para servir e amar a Senhor. Esperamos ansiosos sua vinda, depois da Sua ressurreição e ascensão para viver e reinar para toda a eternidade com o nosso Senhor, Jesus Cristo.

Santificação - Creio no Espírito Santo; na santa igreja católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; e na vida eterna. Amém.

A última seção nos ensina que não podemos crer em Jesus Cristo, somente através da a própria razão ou força. Não temos como ir até o Senhor, somente pelo Espírito Santo nos chamando pelo evangelho de Cristo, iluminando com Seu amor, e santificando e mantendo na verdadeira fé. Do contrário, estamos sem opções. A obra do Espírito Santo passa desapercebida, porque dá a sensação de que somos nós quando, na verdade, Ele nos chama, nos reúne, ilumina e santifica toda a Igreja Militante, permitindo que sejamos capazes de manter a única verdadeira fé ainda enfrentamos adversidade e grandes dificuldades. Em esta igreja cristã, diariamente nos perdoa de todos nossos pecados. No último dia, o Espírito Santo ressuscitará todos os corpos mortais e, aos cristãos, será dado a vida eterna.

Esta é a nossa fé. Nisto eu creio.

O CREDO NICENO

Recebe o nome de Credo Niceno, porque se pensou por muito tempo que foi neste Concílio Geral de Nicéa (325 d.C.) que o Credo tinha sido escrito para responder a controvérsia Ariana. O texto aprovado no Concílio de Nicéa somente é semelhante, porém esquece parte importante, como o artigo sobre o Espírito Santo. Possivelmente, o texto atual do Credo seria composto durante o Concílio de Constantinopla (381 d.C.). Com certeza, lemos no Concílio de Éfeso (431 d.C.) que nenhuma mudança devia ser feita no Credo Niceno. O Concílio de Calcedônia (451 d.C.) seria o primeiro em mencionar o Credo de Nicéa com total claridade. Na forma atual, aparece ter sido usado por Cirilo em Jerusalém e, também, é mencionado por Epifânio de Salames ao redor do 373 d.C..

O Credo afirma a unidade de Deus, enfatiza que Cristo é o unigênito do Pai antes de todo os tempos, e declara que Cristo é da mesma essência (homoousios) como o Pai. Tendo uma pequena menção sobre o Espírito Santo.

No LOC, o Credo Niceno é usado na ordem para a Ceia do Senhor, também chamada Santa Comunhão, também nas ordenações de diácono, presbítero e bispo.

O CREDO DE ATANÁSIO

Este Credo também é conhecido como Quicunque Vult. Ele recebe o nome do famoso bispo de Alexandria, Atanásio (296-373), que defendeu a fé Cristã do Arianismo. Não há evidencia alguma que Atanásio escrevesse o Credo e, a partir da obra de G. J. Voss, no século 17, tem sido aceito que a evidência aponta em contra da sua autoridade. A primeira evidencia do Credo aparece em um sermão de Caeserius de Arles, sendo semelhante a um manuscrito de Vicente de Lerins. Isto indicaria que o Credo pudesse ter sido escrito no sul da França.

O Credo de Atanásio contém uma declaração detalhada e clara da Trindade. Também, afirma a plena Divindade e Humanidade de Cristo, Sua morte pelos pecados, ressurreição, ascensão, segunda vinda e juízo final.

Este Credo era usado como um cântico ou hino durante a liturgia primitiva. No LOC, o Credo de Atanásio é usado em 13 ocasiões designadas durante o ano.


Os três credos afirmam de forma clara e concisa a fé em Cristo, ensinando quem Jesus é, e a centralidade do evangelho. Os Credos são a forma mais concisa e clara que existe para ensinas as doutrinas essências afirmadas e cridas pelas Igreja de Cristo através dos séculos.



TEXTOS PARA MEDITAR

Deuteronômio 6.4; Atos 8.37; Romanos 1.3-4; 1 Coríntios 15.3-4, Filipenses 2.6-11; 1 Coríntios 8.6; Mateus 28.19.



PERGUNTAS PARA REFLETIR

- Qual é a importância de conhecer os Credos?

- Quais ensinos aprendemos no Credo dos Apóstolos?

- Porque devem ser usado os Credos no culto cristão?



LIVROS PARA SEGUIR CRESCENDO NA GRAÇA

BORTOLINI, José, Raízes Bíblicas Do Creio Niceno Constantinopolitano, Editora Paulinas, SP.

FERREIRA, Franklin, O Credo dos Apóstolos, Editora Fiel, SP.

MCGRATH, Alaster, Creio, Editora Vida Nova, SP.



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