Compreendendo a Trindade


O maior mistério e maravilhosa verdade do evangelho é o fato de que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Esta é a fundação de nossa fé e, a partir desta doutrina, toda a estrutura da redenção tem plena compreensão. Esta doutrina tem sido respondida através dos séculos. Ainda hoje, as Testemunhas de Jeová, os Unitaristas e os Mórmons rebatem esta doutrina.

Nunca poderemos compreender plenamente Deus, nem entender com total clareza o seu Ser; contudo, Ele tem feito que possamos conhecer todas as coisas necessárias para nossa salvação e satisfazer os próprios propósitos d’Ele. Deus tem revelado:

1. A definição da Trindade ensinada.
2. A verdade da Trindade revelada.
3. A atividade da Trindade demostrada.
4. A realidade da Trindade vivida.

I. A DEFINIÇÃO DA TRINDADE ENSINADA.

A palavra “Trindade” não se encontra nas Escrituras, mas foi expressada nelas. Precisamos ser conscientes que muitas palavras que usamos na teologia, não se encontram na Bíblia. Usamos estas palavras, porque são a melhor forma que temos para expressar as verdades divinas. Isto mostra a própria dificuldade de compreender e entender os mistérios de Deus.

Definindo a Trindade

No interior da Divindade, há uma comunidade de pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, com distintos modos de expressão, tendo atributos e propriedades pessoais, entretanto comportam a mesma inseparável essência. Um Deus em Três Pessoas.

Na unidade da Divindade, há três pessoas de uma substância, poder e eternidade. Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém, nem gerado, nem prossegue. O Filho é eternamente gerado do Pai. O Espírito Santo é eternamente procedendo do Pai e do Filho.

As seguintes três palavras nos ajuda a entender esta doutrina:

a) Trinidade – No interior da Divindade, há três pessoas conscientes. Três distintas pessoas mesmo compartindo as mesmas qualidades básicas e essenciais.

Sabellianismo é uma heresia persistente desde o terceiro século que afirma que o Pai, Filho e Espírito Santo, não são três pessoas distintas. Sabellius ensinava que há três manifestações de um mesmo Deus. Algumas vezes Deus se manifestaria como Pai, outras vezes como filho, e outras como Espírito Santo. Isto pode fazer sentido, contudo significa que quando Deus se manifesta como Filho, cessa de manifestar-se como Pai e Espírito Santo. E a mesma coisa com as outras dois pessoas.

As Escrituras nos ensinam que existem três pessoas distintas na Divindade, tendo atributos e qualidades pessoais.

b) Unidade – Enfatiza um só Deus em Três Pessoas. Temos que ser cuidadosos quando falamos de três pessoas, porque não podemos cometer o erro de que terminar promovendo o conceito de que existem três deuses.

Um filosofo sírio, João Philoponus, introduz a ideia no século 6 a ideia de três desuses: Triteismo. Isto levanta a questão, qual dos três deuses é realmente Deus? Qual é o maior? Esta compreensão de Deus dá lugar a um politeísmo cristão, realmente duvidoso e fortemente perigoso.

O Igreja cristã afirma que há três pessoas distintas, mas um só Deus. As três pessoas sendo distintas, são o mesmo Deus. Os cristãos não acreditam em três deuses, mas cremos em um só Deus, que existe na Divindade em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.

c) Igualdade – Cada pessoa da Trindade é igual aos outros. O Pai é Deus (Rom 1.7), o Filho é Deus (Hebreus 1.8), e o Espírito santo é Deus (Atos 5.3-4).

Algumas pessoas pensam que Deus Pai é maior e superior ao Filho e ao Espirito Santo. Não há prioridade na Divindade. Na redenção da humanidade, o Filho se faz subordinado ao Pai e, no cumprimento do proposito de Deus no novo pacto, o Espírito Santo tem se subordinado ao Filho. Embora que devemos considerar esta subordinação funcionalmente, e não de essência. Tanto o Filho, como o Espírito, são da mesma condição e eternos com o Pai.

No século 4, Ario ensina que Jesus Cristo não era o Filho eterno do Pai, sendo que teve um tempo que o Filho não era. Isto foi mostrado errado, como Atanásio contestou a favor da verdade e contra a heresia de Ariano. Deste modo, esta heresia foi vencida no Concilio de Nicéa.

II. A VERDADE DA TRINDADE REVELADA

Se pensamos na doutrina da Trindade, nenhuma mente humana poderia ter concebido esta doutrina. Sua complexidade a torna difícil de entender a mesma com clareza. Por isso, somente a revelação de Deus na Sua Palavra tem feito isto possível.

Antigo Testamento

Esta doutrina é antecipada no Antigo Testamento, não foi claramente definida, contudo foi revelada progressivamente ao povo de Deus. Foi essencial que os Judeus acreditassem em um só Deus. Todos os povos ao redor deles adoravam muitos deuses. O próprio Abraão era um adorador de ídolos, mas foi atraído ao conhecimento do Deus Único e Verdadeiro.

O Antigo Testamento enfatiza monoteísmo; assim a Trindade não é declarada claramente. Com o conhecimento do Novo Testamento, estudamos o Antigo Testamento e vemos esta ideia latente de várias formas:

a) Gramaticalmente – Em Gênesis 1.1, encontramos que a palavra usada para Deus, é plural, ainda que o verbo é singular. Uma contradição gramatical que foi orientada por Deus para ensinar uma verdade divina: Pluralidade na Unidade. Em Deuteronômio 6.4-5, há dois palavras em hebreus que são traduzidas, como “uno.” YACHEED significa absoluta singularidade, e ECHAD significa “uno” em um sentido composto (veja Gênesis 2.24; Gênesis 11.6; Números 13.23). Echad é usada nestes textos bíblicos.

b) Conversação – Em Gênesis 1.26, lemos “nos.” Com quem Deus estava falando? Os homens não são feitos na imagem dos anjos, assim não poderia ter sido um anjo, mas na imagem de Deus (Ge 1.27). Assim, podemos chegar a conclusão de que Deus estava falando com outra das pessoas da Divindade (Gênesis 11.7; Isaías 6.8).

c) Teofanias (aparições de Deus em forma humana) – Em Gênesis 18.13 e Gênesis 22.1, 11, vemos como o anjo é igual com Deus. Mostrando a pluralidade na Divindade.

d) Filosoficamente – Um filosofo é um amante da sabedoria e um buscador da verdade. Em Provérbios 8, a sabedoria é mencionada muitas vezes. A sabedoria, sendo pessoalizada, ocorre no versículo no versículo 22, dizendo, “O SENHOR me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos.” Compare este texto com João 1.1. Em Provérbios 8. 24, 28, 30, encontramos a sabedoria como o agente na criação de toda a eternidade.

Portanto, vemos que a sabedoria é uma pessoa que tem estado trabalhando com Deus desde o inicio.

Encontramos um mensagem paralelo entre: Pv 8.10 e João 1.31; Pr 8.31 e João 1.14; e Pv 8.35 e 1 João 5.12.

Recomendo a leitura de Provérbios 30.4.

Novo Testamento

A Trindade é mostrada no Novo Testamento. A primeira indicação da Trindade se encontra no Batismo do nosso Senhor, Jesus Cristo (Mateus 3.13-17). Aqui, se revela de forma perfeita a Trindade. Vemos o Pai falando sobre o Filho e o Espírito Santo descendendo sobre Jesus como uma pomba.

Em Mateus 28.19-20, encontramos novamente uma clara revelação da Trindade, quando Jesus ordena os seus apóstolos fazer discípulos e batizar eles em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Interessante que não diz “nomes,” mas no nome. Podemos ver a pluralidade na singularidade. Um só Deus (Nome) em Três Pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo).

A benção final encontrada em 2 Coríntios 13.14. Esta benção formava parte da própria liturgia da igreja cristã desde o inicio da mesma. Assim, entendemos que esta não foi uma nova doutrina, mas estava presente no culto e nos ensinos dos apóstolos. Neste texto bíblico, encontramos uma prova da igualdade dos membros da Divindade. Perceba que o Senhor Jesus Cristo é mencionado antes que o Pai. Talvez, porque Ele é o Mediador entre os homens e Deus Pai, “ninguém pode ir ao Pai exceto através de mim.” Assim não podemos conhecer o Pai, se não conhecemos o Senhor, Jesus Cristo. Quando conhecemos a Cristo através da salvação, então podemos conhecer um pouco do perfeito amor de Deus, e somos levados pelo Espírito Santo na comunhão com o Pai e o filho.

III. A ATIVIDADE DA TRINDADE DEMOSTRADA.

Universo

Na criação do universo, o mundo foi formado pela palavra e a autoridade de Deus. O Senhor, Jesus Cristo, foi também responsável pela criação (Hebreus 1.1-2) e, também, Deus o Espírito Santo (Gênesis 1.2; Jô 26.13). Não estou dizendo que Deus Pai foi somente em parte responsável. Cada pessoa da Divindade é descrita como sendo totalmente responsável. Deus é a origem da criação, o Senhor Jesus Cristo é o instrumento da criação e o Espírito Santo é a autoridade executiva.

Escrituras

Na inspiração e autoridade das Escrituras, lemos sobre Deus o Pai (2 Timóteo 3.16) e Deus o Filho (1 Pedro 1.10-11). Esta é uma imagem dos profetas que profetizaram o sofrimento de Cristo e da Glória que seguiria, mas não foram capazes de entender o significado dos seus próprios escritos. Homens, como Isaías, Jeremias e outros, usados por Deus, como grandes profetas, mas que não entenderam as palavras reveladas pelo próprio Deus.

A inspiração das Escrituras não é somente um atributo de Deus Pai, também é de Cristo nos livros dos profetas e, também, do Espírito Santo. Deste modo, vemos a criatividade da Trindade é vista na inspiração e origem das Sagradas Escrituras. A Bíblia é dada pelo Deus Pai, inspirada por Deus Filho e transmitida pelo Espírito Santo.

Redenção

Deus Pai enviou o Filho. Deus Filho concordo em ser nosso substituto, e quando se encarnou foi o Espírito Santo quem capacitou Ele no Seu ministério, morte e ressurreição. Portanto, nossa salvação é o fruto de cada pessoa da Divindade. A sangue de Cristo, Deus o Filho, o eterno Espírito que ajudou ao filho, e o Pai a quem o sacrifício foi feito (Heb 9.13). Deus o Filho se ofereceu a si mesmo, Deus o Pai aceitou e o Espirito Santo estimulo este sacrifício. Em Hebreus 10.7-15, lemos a vontade de Deus o Pai, a obra do Filho e o testemunho do Espírito Santo.

IV. A REALIDADE DA TRINDADE VIVIDA.

A doutrina da Trindade cresceu a partir da experiência dos primeiros cristãos. Deus se encarnou em Jesus Cristo e revelou que Jesus Cristo era o Seu Filho; e o Senhor Jesus abriu as suas consciências a respeito de Deus, como Pai e, então, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo vem e conheceram o Espírito Santo nos seus corações regenerados e capacitando eles para a missão de Deus. Assim, os cristãos viveram a Trindade.

Cada verdadeiro cristão deveria estar sem nenhuma dúvida sobre a Trindade, porque nossa reconciliação com Deus foi somente possível pela obra da Trindade. Veja Efésios 11.18, leia cuidadosamente que foi através de Jesus, porque ele é a porta. Por um espírito, porque Ele é o porteiro que nos permite entrar. Até o Pai, porque ele é o alvo de cada alma aspirante.

Somos levados a todo conhecimento de Deus o Pai através de Jesus Cristo e somos capazes de entrar na presença de Deus, porque o Espírito Santo dá testemunho que somos filhos de Deus.

Inclusive, nos cristãos devemos viver a Trindade na nossa vida de oração. Em João 16, o Senhor Jesus diz, “Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo que o Pai vos concederá tudo quanto lhe pedirdes em meu nome” (vv 23). Temos que vir ao Pai em oração no Nome de Jesus e sendo capacitados através da ajuda do Espírito Santo.

A verdade da doutrina da Trindade permite aos cristãos começar entender o grande amor de Deus, porque Deus é amor em si mesmo. A Trindade é a comunidade de amor perfeito, sendo revelada aos homens.

Que Deus seja sempre glorificado!
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Revisão e Edição: Elenice Rabelo Costa.

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