Voltando a Reforma e além


Hoje celebramos a data que Martinho Lutero, um monge, há quasese 500 anos, fixava suas 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg, Alemanha. Atualmente, observamos a Reforma Protestante com os olhos do século 21 e perdemos alguns aspectos simples do que aconteceu no Século XVI.

Tem acontecido muitas coisas nestes cinco séculos e nem tudo tem sido positivo, como o simples fato de que a Igreja de Cristo hoje está dividida em milhares de igrejas, comunidades e seitas cristãs, que aparecem a cada dia. O Rev. David Watson já comentava, em sua época, sobre este terrível pecado consequente da Reforma Protestante.(1)

A primeira geração dos Reformadores nunca tiveram a intenção de dividir a Igreja Católica ou fundar uma nova igreja ou ainda organizar uma denominação cristã. Seu desejo era Reformar a Igreja de Roma corrigindo os erros doutrinários e as práticas errôneas as quais tinham sido aceitas e desenvolvidas em seu meio durante a Idade Média.

Se isto não foi possível, foi devido a impossibilidade de dialogar com a Igreja de Roma. O Papado respondeu os anseios da Reforma com perseguições e intolerância contra aqueles que desejavam reformar o culto, a doutrina e a disciplina da Igreja Católica. Por este motivo, os reformadores afirmavam, com plena convicção, que eles eram realmente a Igreja Católica e a Igreja de Roma já não poderia ser considerada, por mais tempo, como a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

O desejo dos reformadores era voltar a igreja primitiva! Em outras palavras, a igreja indivisa dos primeiros cinco séculos. O Bispo Lancelot Andrews (1555 - 1626) expressou esta ideia quando escreveu, "UM CANON, transformado em escrito pelo próprio Deus , DOIS TESTAMENTOS , TRÊS CREDOS, QUATRO CONCÍLIOS GERAIS e CINCO SÉCULOS, contendo os escritos dos Pais da Igreja nesse período, isto é, tres seculos antes de Constantino , e dois depois , DETERMINAM O LIMITE DE NOSSA FÉ."

Hoje em dia, esquecemos este simples fato. O resultado tem sido o surgimento de muitos grupos que pouco têm a ver com a Igreja que Jesus Cristo estabeleceu, ainda que defendam e ensinem as idéias mais peculiares, usando as Escrituras como justificativa destas.

Os Reformadores acreditavam na Sola Scriptura. Todavia a Sola Scriptura não significava uma rejeição aos costumes, práticas e tradições da igreja primitiva. Significava que estas precisavam ser entendidas a partir das Escrituras e submeterem-se à autoridade das Escrituras. Infelizmente, os evangélicos têm sido influenciados pelo movimento restauracionista do Século XIX, derivando que o que se acredita hoje é na SOLO Scriptura.(2)

Se muitos escrevem sobre a necessidade de voltar a ter uma nova Reforma, seguindo o moto reformado "Igreja Reformada sempre se reformando", na verdade, não estão considerando esta idéia no sentido dos Reformadores e sim dos próprios erros, que hoje estão tão expandidos em nosso meio. Se considera que a igreja não é pura o suficiente e eles serão os salvadores da igreja. Deste modo, negam na prática, a simples verdade de que somente o nosso Senhor Jesus Cristo é o Cabeça da Igreja.

Hoje, quando comemoramos a dia da Reforma Protestante, é um momento para considerarmos onde estamos e olharmos novamente para a igreja primitiva, e assim, aprendermos como eles viviam, em que acreditavam e como adoravam a Deus. Talvez, assim, sejamos capazes de seguirmos o exemplo e os passos dos Reformadores que mudaram a história da Igreja e, porque não, a história da humanidade.

A Deus seja toda a glória!!!!


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(1) Watson, David, I believe in the Church,Eerdmans Pub Co; 1st edition (March 1979).
(2) Veja o artigo de Keith Mathieson na revista Modern Reformation, Solo Scriptura The Difference a Vowel Makes. http://www.modernreformation.org/default.php?page=articledisplay&var2=19

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