Rejeitando o dispensacionalismo



Se passou mais de um dia da profecia do fim do mundo, mas agora vou continuar escrevendo sobre dispensacionalismo, como prometi no meu artigo anterior.


Gostaria de começar dizendo que o dispensacionalismo não está errado só por ter certa teoria sobre o fim do mundo, mas o sistema teológico, como um todo, é errado.

Com certeza, tem ganhado muita popularidade em todo o mundo, sobretudo a partir do século 20, seguindo crescendo no século 21. Agora, é necessário que pensemos detalhadamente sobre este sistema de coisas e como tem tido tão grande impacto na igreja.

Os teólogos dispensacionalistas consideram que agora estamos vivendo na “era da igreja” (ou a dispensação da graça). Depois desta dispensação, entraremos na dispensação do reino (milenar).

Vamos analisar os erros mais importantes do dispensacionalismo:
1. Seu método de interpretação bíblica tem como resultado que todo o Antigo Testamento e parte do Novo Testamento é aplicado aos Judeus, e não tem nenhuma aplicação para os Cristãos, exceto como um fato histórico.  A Bíblia de Estudo de Scofield ensina que o Sermão da Montanha não é Cristão, mas Judeu. Isto é claramente contrário às próprias Escrituras, porque estas falam que toda Escritura é útil para ensinar aos Cristãos (João 10.35; 2 Timóteo 3.16-17). Por este motivo, podemos observar que o dispensacionalismo realmente divide erradamente a palavra de verdade (2 Timóteo 2.15), ainda que fale o contrário. 
 2. Sua posição literalista das Escrituras lembra muito aquela praticada pelos próprios fariseus. De fato, os fariseus não conseguiram ver o Cristo quando estava diante deles, o Rei de Reis e Senhor de Senhores,  e, assim, o crucificaram. Esta posição literalista, vem acompanhada de certas aplicações inconsistentes, na sua metodologia. Interessante é o fato de que o dispensacionalismo critica a escatologia da vitória, porque espiritualizamos os textos que são mais proféticos. Porém, observamos nas Escrituras que a espiritualização forma parte do ensino das Escrituras (1 Coríntios 2.13-15). Também, observamos que a própria Escrituras espiritualiza certos textos do Antigo Testamento, como podemos ver 1 Pedro 2.5-9 e todo o livro de Hebreus, sem dúvida. Finalmente, existem textos que não podem ser considerados literalmente, como por exemplo, Apocalipse 2.17. 
 3. A separação entre Israel e a Igreja que o dispensacionalismo faz, realmente deve ser considerado um escândalo. Um dos fundamentos do dispensacionalismo é que Israel é Israel, e a Igreja é a Igreja... e que não podemos misturar, nem confundir, nem unir os dois. Isto é claramente contrário às próprias Escrituras. Se lemos cuidadosamente, poderemos observar que o Israel do Antigo Testamento (tanto nacionalmente como espiritualmente) é a Igreja (Romanos 2:28, 29; Atos 7:38, onde "Israel" é chamado "a igreja no deserto"; Gálatas 3:29; Filipenses 3:3; Hebreus 12:22-24, onde Jerusalém e Sião são identificados com a igreja; Apocalipse 21:9,10, onde “a noiva, a esposa do cordeiro" é identificado com a “santa Jerusalém”). 
 4. Separam a obra de Cristo para os Judeus da obra de Cristo para a Igreja. Eles vêem a Cristo como Rei de Israel e Cabeça da Igreja. Tristemente, chegamos a ver na Bíblia de Estudo Scorfield que chega a ensinar que o povo do Antigo Testamento é salvo de outro jeito que pela fé em Cristo (a obra redentora) e que Deus tem mais de um plano de salvação. Nem preciso dizer que isto é contrário às Escrituras, já que a Bíblia ensina que Cristo é o mesmo Salvador para o povo de Deus no AT e do NT (Gálatas 3:28, 29; I Timóteo 2:5,6; Hebreus 11:6). 
 5. Este terrível sistema teológico chega a excluir os santos do Antigo Testamento do “corpo” e a “noiva” de Cristo. Isto é causado pela separação que fazem da dispensação da igreja e as várias dispensações de Israel. Esta é uma conclusão óbvia, como já falamos, quando observamos a separação entre a Igreja e Israel e, ao mesmo tempo, entre a relação de Cristo com Israel (Rei) e a Igreja (Cabeça). As Escrituras, novamente, ensinam aquilo que os dispensacionalistas negam com suas estranhas doutrinas. Podemos ver que os santos do Antigo Testamento também formam parte da “família da fé” e do corpo e noiva de Cristo (Efésios 2.11-18, especialmente versículo 16; também, Apocalipse 21.9-10). 
 6. Estranho mesmo é quando observamos o ensino do dispensacionalismo sobre o Espírito Santo. Falam de que Ele não estará presente na Terra durante os sete anos entre o arrebatamento e a revelação. Conforme este sistema de teologia, os Judeus serão salvos e levados a ter fé em Cristo sem a obra e ação do Espirito Santo. As Escrituras ensinam que fé é o dom de Deus através do Espirito Santo, e a regeneração (novo nascimento) é a obra do Espírito Santo (João. 3:3-8; Efésios 2:8-10). Sem regeneração não existe salvação. 
 7. Ensinam também a respeito do Espírito Santo que os dons do Espírito eram só para os Judeus e não para a Igreja. Novamente, as Escrituras ensinam o oposto do que os dispensacionalistas acreditam (1 Coríntios 12.4-9). 
 8. O Dispensacionalismo ensina que vão acontecer duas Segundas Vindas de Cristo, ou poderíamos dizer segunda e terceira vindas de Cristo. Eles fazem uma ênfase muito forte entre Cristo vindo com os santos e Cristo vindo para os santos. Os dispensacionalistas dizem que são dois passos de uma mesma vinda, porém como pode ser se existem sete anos entre a primeira e a segunda? As Escrituras ensinam que Cristo só voltará uma só vez (Mateus 25:13; Lucas 12:40; Marcos 13:26; 1 Tessalonincenses 4:14-17; 2 Tessalonicenses 2:1-17; Tito 2:13; Apocalipses 19), ainda que existem textos que enfatizam um aspecto da segunda vinda de Cristo. 
 9. Finalmente, o ensino do dispensacionalismo em respeito à igreja é um “mistério.” Falam de que a dispensação da igreja é um parêntesis e que é um mistério que o Antigo Testamento nunca falou. Os dispensacionalistas erram por não serem capazes de ver como as Escrituras vêem, o Israel verdadeiro como a Igreja e a Igreja como Israel (Atos 15.13-18, onde se aplicam profecias do AT referentes a Israel para estabelecer a Igreja; Atos 7.38)  É triste quando se vê a Igreja como um parêntesis, porque a Igreja é o alvo e propósito de toda a obra de Deus através da história. 
E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Efésios 1:22, 23).

Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Efésios 5:25-27).

Por tudo isto, precisamos rejeitar e renunciar ao dispensacionalismo, como uma doutrina contrária às Escrituras e, realmente, perigosa para a Igreja.


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