Uma das realidades mais tristes na Igreja é que ela vive adormecida. Tem perdido o seu propósito e, agora, vive buscando alguma coisa que fazer ao mesmo tempo que a história se escapa das suas mãos.
Possivelmente, existem várias causas para que isto esteja
acontecendo.
Por um lado, as várias e diversas divisões, subdivisões,
ministérios e igrejas, sendo, às vezes, a razão de ser dos próprios interesses
do pastor/senhor desta ou aquela igreja. Falta humildade.
Por outro lado, temos o evangelho social, a missão integral,
os fundamentalistas, os (neo)pentecostais e os puritanos, todos brigando para
ter razão e por uma fatia do bolo. Falta graça.
Sinceramente, não fico surpreso que depois de 2,000 anos da
primeira vinda de Cristo, a Igreja ainda não tem sido capaz de entender a visão
do Reino.
Jesus foi claro nas suas palavras, e a Igreja entendeu este chamado nos seus primeiros cinco séculos. Infelizmente, com as divisões da Igreja e as diversas heresias entrando nela, esta enfraqueceu e perdeu a visão do Christus Victor.
Jesus começou sua pregação chamando atenção de que “O tempo está cumprido, e o reino de Deus
está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Marcos 1.15). Depois
diria aos que o acusavam de ser um agente de satanás, “se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o
reino de Deus” (Mateus 12.28).
No Evangelho de Lucas 11.20, encontramos desta forma, “se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus,
certamente a vós é chegado o reino de Deus.”
Os dois textos do Evangelho vem seguidos com uma declaração
realmente interessante. Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a
não ser uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. O Senhor
é vitorioso. Por isso, Ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte.
Consegue expulsar os demônios. Deste modo, o Reino de Deus se faz presente na
Terra e, ao mesmo tempo, a Igreja foi estabelecida por Jesus para levar adiante
a missão de Deus: ir, pregar o evangelho, fazer discípulos, batizar no nome da
Trindade, e ensinar a obedecer tudo o que Jesus ensinou. E isto se faz possível
porque Cristo está conosco até o fim dos tempos.
Deste modo, libertamos os cativos, pregamos o evangelho,
quebramos o poder do mal e proclamamos o Reino de Deus. O profeta Isaías já
tinha usado a mesma comparação para descrever a vinda do Messias (cfr. Isaias
49.24-25). A expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de
Deus.
Se analisamos estes textos a luz de Apocalipse 20.2, “Ele
prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por
mil anos.” Percebemos que isto foi exatamente o que Jesus fez na sua primeira
vinda.
Talvez, esteja confuso, porque tenhamos aprendido que
Apocalipse só trata de eventos futuros, mas, na verdade, o Apocalipse trata de
eventos passados na sua maioria. Passados só para nós, porque foram presentes e
futuros para os Cristãos do primeiro século. Com certeza, os dois últimos
capítulos falam da segunda vinda de Cristo.
Agora, satanás está atado e ao mesmo tempo, a Igreja tem o
poder do Espírito Santo para libertar os cativos das mãos de satanás. Ele pode
ser o príncipe deste mundo, mas ele está perdendo este mundo, enquanto o Reino
de Deus se faz visível no meio de nós.
Por falar em “mundo”, a palavra grega para “mundo” é Kosmo. Significa o "sistema sob o
qual este mundo opera". Inclui todas as coisas seculares e temporais – os
governos e as modas, a cultura, a educação, as filosofias, as religiões e a
moralidade (ou a falta dela) neste mundo.
Se Jesus falou que satanás era o príncipe deste mundo, isto
significava que ele governava e tinha controle sobre o mundo (cosmo). Mas,
agora, lemos a grande missão de Deus em João 3.16, “Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna.”
Isto só se faz possível, porque Jesus venceu o homem forte
(satanás) no deserto e, agora, vivemos no tempo do Reino. O Novo Pacto fez isto
possível.
Deus ama este mundo, ama sua criação. A nossa salvação é o
princípio do seu proposito, de sua grande obra redentora e do seu plano para
nossas vidas, a Igreja.
Nós, juntos, somos a Igreja. A Igreja está chamada a não
conformar-se a este mundo, mas ser agentes de transformação através do
discipulado e da vida em comum. Deste modo, o Reino chega a todas as áreas do
“cosmos,” como vemos em Romanos 12.1-2, “Rogo-vos,
pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não
sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus.”
A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de satanás: “Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os
demônios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós” (Mateus 12, 28). A
obra de Jesus liberta os homens do poder dos demônios. A regeneração e redenção
das pessoas transforma a sociedade e as nações, porque sua obediência aos
ensinos de Jesus, faz que a lei de Deus seja estabelecida pelo poder da fé, da
esperança e do amor. Deste modo, começamos a fazer realidade a grande vitória
de Jesus Cristo sobre “o príncipe deste mundo” (cfr. João 12.31).
A Cruz foi a grande vitória de Cristo, e a ressurreição foi
a grande derrota de satanás.
Não em vão, Lucas 11.23 diz, “quem não está comigo é contra
mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.”
Se entendemos este texto a luz do Sermão da Montanha, vemos
que lá, Jesus nos adverte do risco de ser uma Igreja adormecida. “Vós sois o sal da terra; e se o sal for
insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar
fora, e ser pisado pelos homens” (Mateus 5.13). Vivemos no tempo em que a
Igreja está chamada a ser o corpo visível de Cristo na Terra.
Isto não quer dizer que todos os males vão a desaparecer em
um dia, nem que não vamos ser perseguidos. Pelo contrário, precisamos esperar
perseguição por causa do evangelho e ser mal entendidos. Ele não veio para
abolir todos os males deste mundo, mas para libertar os homens da escravidão do
pecado e do domínio de satanás, veio para derrotar o príncipe deste mundo pelo
amor e a graça de Cristo.
Estamos chamados a levar adiante a grande comissão e
obedecer aos mandamentos de Deus, somos os servos de Cristo para transformar
este mundo através do poder do Espirito Santo. Assim, e só assim, o Reino de
Deus se faz visível no meio de nós e Deus é glorificado entre os homens.
Não devemos nunca esquecer que isto não se cumprirá pela
força e imposição. O Reino se faz visível pela pregação do evangelho e
discipulado as nações.
Desperta Igreja, o Reino de Deus já chegou... e o mundo está
padecendo, porque estamos dormindo quando deveríamos ser agentes de Deus.
Deus desperta a Igreja adormecida e tem piedade de nós
pecadores.
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