Tem vezes que fico surpreso como os sermões-dialogo de Re.Novo acabam. Este domingo foi um desses dias. Tudo estava pronto para falar sobre Pentecostes, já que a igreja cristã celebra o Domingo de Pentecostes.
Porém, a conversa terminou indo ao redor do tema “os últimos
dias,” que aparecem na profecia de Joel e que o apóstolo Pedro fala que estava
se cumprindo e, portanto, estariam vivendo nos últimos dias.
A conversa se desenvolveu sobre escatologia, e comentei aos
irmãos de Re.Novo que a posição defendida pelos Pais da Igreja e os
Reformadores, sempre foi amilenismo e posmilenismo. Nunca foi dispensacionalismo.
E que agora a maioria dos cristãos acreditam no fim do mundo segundo “Deixados
para trás.”
Em um momento, me foi pedido que falasse mais sobre estas
questões no meu blog. A verdade é que já estava considerando essa idéia,
porque, sinceramente, acho que a maioria de “crentes” brasileiros são
dispensacionalistas, sejam conscientes ou não. E sou da opinião que esta
doutrina é seriamente herética e perigosa para o futuro da Igreja de Deus na Terra.
Uma breve história
para lembrar
O Dispensacionalismo tem pouco mais de 150 anos, como
teologia. E seria fortemente influenciado pelo padre jesuíta Manuel Diaz
Lacunza, que influenciaria os escritos de John Nelson Darby.
John Nelson Darby (1800-1882) é considerado o pai do
dispensacionalismo. Ele era membro da Igreja da Irlanda (uma igreja anglicana)
e, como acontece muitas vezes, tomou uma posição teológica oposta aquela que teve
no Anglicanismo; portanto, entrou a formar parte dos Irmãos de Plymouth
(movimento que se separou da Igreja da Inglaterra, porque acreditavam que esta
havia abandonado o Cristianismo primitivo).
A teologia de Darby tem entre outras características o
arrebatamento pretribulação, o ensino de que a própria ideia de ter clero era
um pecado contra o Espírito Santo, a separação entre Israel e a Igreja como
dois povos distintos, e o reestabelecimento do Reino de Israel.
Isto fez com que suas idéias fossem bem recebidas pelo
movimento Cristão Zionista e, rapidamente, se expandiram até chegar ao
Instituto Bíblico Moody, Seminário Teológico de Dallas e a Universidade Bob
Jones, sendo aceitas e promovidas por autores como Hal Lindsey e Tim LaHaye.
Seu crescimento foi ainda maior quando a maioria das igrejas
pentecostais aceitaram esta posição doutrinal. Não em vão, hoje parece que esta
sempre foi a posição da Igreja Cristã.
Os simples erros do
dispensacionalismo
O maior problema do dispensacionalismo começa pelo seu
método hermenêutico errado a partir do qual chega às conclusões atuais. Ele
predispõe que existe uma série de sucessivas “dispensões” (Eras) na história, a
partir das quais Deus se relaciona com a humanidade de diferentes jeitos.
Dispensacionalismo afirma que a nação de Israel é diferente da Igreja e que Deus ainda tem que cumprir a promessa ao Israel étnico. Estas promessas incluem a terra santa, o que resultará no reino do milênio onde Cristo, depois da sua volta, governará o mundo desde Jerusalém por 1,000 anos.
Dispensacionalismo não chega a compreender o significado do
Pacto, este seria o segundo erro que comentem os defensores do
dispensacionalismo, porque não percebem que o pacto é um só pacto entre Deus e
a humanidade, contudo com vários desenvolvimentos entre o Antigo Pacto e o Novo
Pacto. Por este motivo, a Bíblia se divide entre o Antigo Testamento e o Novo
Testamento.
Dispensacionalismo comete o seu terceiro erro, porque
termina acreditando em revelação progressiva, vendo um desenvolvimento gradual
através das Escrituras. Por isso, tem tão grande aceitação entre os
pentecostais e neopentecostais.
Ainda que afirma o dispensacionalismo que o seu método de
intepretação das Escrituras é histórico-gramatical, poderíamos considerar este
como um método hermenêutico literal. Deste modo, chegam à conclusão de que da
mesma forma que Israel literalmente viveu através das calamidades no Antigo Testamento,
do mesmo modo viverão as benções no futuro.
Não em vão, todos os dispensacionalistas acreditam que
existe uma distinção clara entre Israel e a Igreja. Consideram deste modo Israel, como a nação
étnica de Israel. Esta nação está formada pelos judeus desde Abraão até os
nossos dias. Por outro lado, a Igreja consiste de todos os indivíduos salvos nesta
dispensação, em outras palavras, todos os gentis salvos desde Pentecostes até o
Arrebatamento.
Consideram que o povo de Israel é o verdadeiro povo de Deus,
e vêem o estado moderno de Israel como o mesmo Israel bíblico. John Nelson
Darby escreveu, e a maioria dos teólogos dispensacionalistas seguem afirmando,
que Deus segue vendo os Judeus como o seu povo eleito, inclusive depois de ter
rejeitado a Jesus Cristo, e Deus continua tendo um lugar para eles no presente
e futuro.
Dispensacionalismo tem um ensino bem peculiar que faz cometer
outro grave erro. Eles acreditam que a Igreja é um parêntesis provisional,
chamado de um período misterioso, já que a revelação da Igreja não se encontra
no Antigo Testamento. Este período terminará com o arrebatamento da igreja e o
remanescente dos Judeus entrará na Grande Tribulação. Israel finalmente
reconhecerá Jesus, como o Messias prometido durante este período de tribulação.
Os ensinos de Darby viam o Judaísmo, como desfrutando do
favor de Deus até o final e que Deus mesmo tinha planos diferentes para Israel
e a Igreja. Isto é devido a que eles ensinam que Deus tem um pacto eterno com
Israel que não pode ser quebrado.
O dispensacionalismo ensina que o Anticristo se levantará um
pouco antes da Grande Tribulação. Existem diversas teorias de quem será o
anticristo. Muitos deles vêem o anticristo como um líder político que
reconstruirá o Império Romano; por este motivo, os dispensacionalistas estão
muito preocupados com um governo mundial que inaugurará a “marca da
Besta.”
Os cristãos poderão escapar desta situação, porque
acontecerá o arrebatamento antes da Grande Tribulação. Também, é certo que
ainda que esta seja a posição mais comum defendida pelos dispensacionalistas,
existem também aqueles que acreditam que o arrebatamento acontecerá no
meio da Grande Tribulação ou depois
desta. O arrebatamento será segredo.
Amanhã tem mais...
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